Aumenta a pressão para renúncia da infanta Cristina

Notícia de que será acusada por cumplicidade com alegados crimes do marido surge pouco antes da mensagem de Natal, a primeira do novo rei, Felipe.

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Da Casa Real não se ouviu uma palavra de apoio à infanta AFP/GERARD JULIEN

O segundo discurso do rei de Espanha, Felipe, será marcado pela notícia da acusação à sua irmã, Cristina, decretada pelo juiz encarregado do caso Nóos, a organização sem fins lucrativos do marido da infanta, Iñaki Urdangarin, que terá servido para desviar grandes quantias de dinheiro dos cofres do Estado.

A pressão para a renúncia de Cristina é cada vez maior, mas apenas a própria poderá tomar a decisão. Da Casa Real não se ouviu uma palavra de apoio à infanta, ao contrário do que aconteceu em 2013 quando a Casa real manifestou “surpresa” depois de Cristina ter sido constituída arguida – uma declaração logo corrigida pelo então príncipe Felipe ao garantir que “os membros da carreira judicial eram merecedores da maior confiança”.

No discurso da noite de Natal de 2011, o então rei Juan Carlos acabou por se referir de modo indirecto ao escândalo envolvendo Urdangarin e também Cristina dizendo apenas que Espanha “é um Estado de direito e qualquer acção censurável deverá ser julgada e sancionada segundo a lei”, e concluindo: “a justiça é igual para todos”.

O Ministério Público pediu, no início de Dezembro, uma pena de 19 anos e meio de prisão para Urdangarin por vários crimes, desde lavagem de dinheiro a fraude ao Estado, mas não recomendou que a infanta fosse acusada por considerar que não havia provas de que ela soubesse que estava a ser usada para crimes fiscais. O juiz teve opinião diferente e considerou que sem a cumplicidade de Cristina os alegados crimes do marido não tinham sido possíveis.

O casal vive entretanto em Genebra longe do convívio com o resto da família real – Cristina não esteve sequer em nenhuma das cerimónias da tomada de posse de Felipe.

Mas a Casa Real gostava que isto fosse mais longe e que a infanta renunciasse. Na verdade, as consequências práticas não são muitas: significaria apenas que a infanta, que está em sexto grau na linha de sucessão, não poderia ser rainha caso chegasse a sua vez. A renúncia vincula apenas Cristina, e não os seus filhos.

A medida teria grande significado para a Casa Real que tenta desvincular-se o mais possível do caso. Mas a decisão é de Cristina e esta não deu qualquer sinal de a tomar.

Sabe-se que Felipe, que tem feito da transparência e honestidade da família real a prioridade dos seus primeiros meses como rei, não tinha ainda gravado o discurso da noite de Natal quando se soube da acusação à sua irmã mais velha. A imprensa espanhola especula se aludirá ao caso e se sim, como, num dos discursos mais importantes do ano, que será transmitido pela televisão espanhola na noite de dia 24.

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