Ofensiva do governo sírio em Alepo mata 76 pessoas, 28 delas crianças

Helicópteros lançaram barris com explosivos, causando enormes danos em vários bairros.

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A cidade de Alepo durante os bombardeamentos MOHAMMED AL-KHATIEB/AFP

Pelo menos 76 pessoas, 28 delas crianças, morreram num ataque na cidade de Alepo, a maior cidade da Síria, no Norte do país, segundo o Observatório dos Direitos Humanos, que apoia a oposição síria.

A organização, que se baseia em informações de activistas no terreno, diz que aviões lançaram bombas sobre dois bairros da cidade, matando indiscriminadamente nas zonas sob controlo de rebeldes. O número de vítimas tinha sido calculado em 22, mas esta segunda-feira o observatório disse que afinal tinham morrido 76.

Um relatório recente do centro de estudos britânico Oxford Research Group indicava que mais de 11 mil crianças já morreram no conflito no país. As mortes são não só provocadas por bombas em ataques como este – muitas crianças foram mortas a tiro. Mais de mil foram alvo ou de execuções sumárias (764), ou mortas por atiradores furtivos (389), segundo o relatório. 

O Media Center de Alepo, uma rede de activistas locais, relatou que ontem houve ainda vários ataques de helicópteros em zonas rebeldes da cidade. Os helicópteros lançaram barris com explosivos, causando enormes danos em vários bairros.

Ao tentar voltar a ganhar o controlo de Alepo, o regime de Bashar al-Assad tem recorrido a ataques aéreos que muitas vezes matam civis. O Governo tem avançado em algumas partes dos arredores nas últimas semanas, mas não conseguiu tomar as partes central e oriental, conquistadas pelos rebeldes no verão de 2012.

Ainda na cidade, o Crescente Vermelho distribuiu comida e medicamentos na prisão central, que tem estado sob cerco dos rebeldes nos últimos oito meses. Os voluntários acompanharam ainda 15 detidos para fora da prisão, enquanto, segundo o Observatório, “outros 341" esperavam ser libertados.

O regime tinha anunciado na semana passada uma amnistia para muitos presos no local por causa das “condições de saúde e humanitárias”.

Ataque islamista
O Observatório acrescentou ainda que o número de vítimas de um ataque de um grupo ligado à Al-Qaeda na quarta-feira em Adra, cidade industrial na entrada Norte de Damasco, tinha aumentado para 28 mortos. O Exército tinha prometido “esmagar” os islamistas no local, em que tem havido combates ferozes nos últimos cinco dias.

As vítimas de quarta-feira eram sobretudo alauitas, a minoria do Presidente Bashar al-Saad, assim com alguns drusos e xiitas, que na maioria apoiam Assad contra os rebeldes, que são sobretudo sunitas, segundo o director do Observatório, Rami Abdurrahman. 

A guerra na Síria provocou já mais de 126 mil mortos (dados do Observatório do início do mês referindo-se a mortes comprovadas – o número real deverá ser mais alto). Recentemente o organismo estimava que a média de mortes por dia tivesse subido para 200 (antes a média vinha a ser de 100 mortes por dia).

Enquanto isso, prepara-se uma conferência em Montreux, Suíça – mas não é ainda claro exactamente quem irá participar. Ainda no sábado o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Laurent Fabius, se dizia muito preocupado com as possibilidades de sucesso, enumerando por exemplo a divisão da oposição.
 

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