Ataques de Bombaim foram uma “missão suicida” de grupo vindo do Paquistão

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Durante cerca de 60 horas, o terror instalou-se em Bombaim Arko Datta/Reuters

Os ataques de Bombaim foram uma “missão suicida” destinada a provocar o máximo de vítimas e a perturbar a população, afirmou hoje o chefe da polícia local, acrescentando que as autoridades indianas têm “provas sérias” de que os atacantes vieram do Paquistão. Três dias depois do final dos ataques, a imprensa norte-americana avança que Nova Deli tinha sido alertada para possíveis ataques a hotéis de Bombaim.

O objectivo da operação foi “cometer uma acção espectacular e matar o maior número de pessoas possível”, acrescentou Hassan Gafoor, que indicou que os autores dos ataques, dez indivíduos, chegaram a Bombaim a partir do porto paquistanês de Carachi (sul), depois de terem sequestrado uma traineira.

“Temos provas sérias de que vieram do Paquistão”, insistiu o chefe da polícia de Bombaim, indicando que o único membro do grupo capturado vivo é “sem dúvida alguma paquistanês”. Ainda de acordo com Hassan Gafoor, os atacantes foram treinados por “antigos oficiais do exército”, sem indicar se se tratavam de ex-militares paquistaneses.

O responsável da polícia disse ainda que a polícia paquistanesa foi “alertada que hotéis como o Taj Mahal” poderiam estar em perigo, depois do atentado contra o Marriott de Islamabad, a 20 de Setembro último, mas Hassan Gafoor não adiantou mais informações sobre esses alertas.

Índia foi alertada para possíveis atentados

A imprensa norte-americana avança hoje que os serviços secretos dos Estados Unidos e da Índia alertaram Nova Deli sobre possíveis ataques contra Bombaim, a partir do mar, nomeadamente contra grandes unidades hoteleiras.

Vários altos responsáveis indianos apresentaram a demissão desde os ataques, que provocaram a morte de pelo menos 188 pessoas, incluindo 30 estrangeiros, e ferimentos em mais de 300 outras durante as perto de 60 horas em que decorreram, entre 26 e 29 deste mês. Um dos últimos responsáveis a demitir-se foi Vilasrao Deshmukh, governador do estado indiano de Maharashtra. O ministro indiano do Interior, Shivraj Patil, pediu a demissão no domingo, indicando que se sente na obrigação de assumir a “responsabilidade moral” pelos ataques terroristas. O conselheiro para a segurança nacional, M.K. Narayanan, também se demitiu.

O chefe da polícia de Bombaim acrescentou que a investigação aos atentados “estão a progredir bem” e que a Índia está a trocar informações com serviços estrangeiros, nomeadamente com a polícia federal norte-americana (FBI), cujos agentes estão a desenvolver as suas próprias investigações em Bombaim.

Paquistão quer ajudar nas investigações

Os ataques da semana passada reacenderam a tensão entre Nova Deli e Islamabad, com responsáveis indianos a afirmar nas primeiras horas após os incidentes que estes tinham sido da autoria de indivíduos com base no Paquistão.

Os ataques foram reivindicados por um grupo autoproclamado de Mujahedeen do Decão. Contudo, vários meios de comunicação social acreditam que a acção foi conduzida pelo Lashkar-e-Taiba, grupo extremista sediado no Paquistão e que nos últimos anos foi responsável por vários atentados na Índia. A sua principal motivação é o fim da presença indiana em Caxemira, região dos Himalaias disputada pelos dois países vizinhos.

O Paquistão nega qualquer envolvimento na operação, exigindo à Índia que apresente provas das suas acusações. Hoje, Islamabad ofereceu-se para ajudar às investigações e encontrar os responsáveis pelos três dias de clima de guerra que se registaram na capital financeira da Índia.

“O governo do Paquistão ofereceu à Índia um mecanismo de investigação conjunto e uma comissão conjunta. Estamos prontos a aprofundar esta questão e estamos prontos a formar uma equipa que poderá ajudar-vos [autoridades indianas]. O Paquistão quer boas relações com a Índia”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Shah Mehmood Qureshi.

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