Ataque terrorista no Mali reivindicado por grupo jihadista

Três mortos foi o resultado do taque a centro das Nações Unidas no Norte do país, no sábado.

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A missão da paz da ONU no Mali tem sofrido muitas perdas Kenzo Tribouillard/AFP

O ataque contra um campo da missão das Nações Unidas (ONU) em Kidal, no Nordeste do Mali, do qual resultou a morte de três pessoas foi reivindicado ao fim da tarde por um responsável do grupo Ansar Dine, o grupo jihadista dirigido pelo ex-chefe rebelde tuaregue Iyad Ag Ghaly, natural do Mali. “Nós reivindicamos em nome de todos os mujahidines o ataque contra o campo de Kidal” que é “uma resposta à violação das nossas terras pelos inimigos do Islão”, declarou Hamadou Ag Khallini numa breve conversa telefónica com um jornalista da AFP.

O assalto foi condenado pelo Conselho de Segurança da ONU que exigiu a Bamaco “a investigação rápida e a condenação dos responsáveis”.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse estar “revoltado por este ataque homicida”. O responsável reafirmou “a determinação das Nações Unidas em apoiar o Governo do Mali, as partes que assinaram o acordo de paz, assim como a população maliana, nos esforços de alcançar uma paz e uma estabilidade duradouras”.

Dois Capacetes Azuis guineenses e um trabalhador da ONU foram mortos neste sábado durante um ataque de morteiros contra um campo da Missão das Nações Unidas em Kidal, no Nordeste do Mali, reivindicado pelo grupo jihadista Ansar Dine. O atentado aconteceu uma semana depois do ataque terrorista no hotel Radisson Blu, que fez 20 mortos em Bamaco, capital do Mali.

“O nosso campo em Kidal foi atacado esta manhã pelos terroristas. Eles utilizaram morteiros”, que mataram “dois Capacetes Azuis de nacionalidade guineense” e um “civil contratado” da ONU, declarou à AFP um responsável da ONU.

A Minusma (a missão da ONU de manutenção da paz no Mali) confirmou num comunicado que 20 pessoas foram feridas, quatro das quais estão em estado grave. Os ataques aconteceram por volta das 4h (hora de Portugal continental) de sábado. “Os terroristas atacaram e partiram” para um destino desconhecido, disse outra fonte da ONU à AFP.

A Minusma é a organização de manutenção da paz da ONU que já sofreu mais perdas mortais depois da Somália entre 1993 e 1995.

“Inimigos da paz”
Um assessor municipal de Kidal, capital da região com o mesmo nome, qualificou os atacantes como “inimigos da paz”.

A instabilidade persiste no Norte do Mali apesar da assinatura, na Primavera de 2015, de um acordo entre o governo e a rebelião tuaregue dominante com vista a instaurar uma paz durável na região.

Numa gravação que remonta a Outubro último e que foi autenticada a 16 de Novembro, Iyad Ag Ghaly denunciou o acordo de paz e apelou à luta contra a França e à jihad.

O grupo Anser Dine é um aliado da Al-Qaeda no Magreb Islâmico e da Frente de Libertação do Macina, um grupo jihadista do Centro do Mali.

A 20 de Novembro, um comando de pelo menos dois assaltantes entrou no hotel Radisson Blu de Bamaco, logo de manhã, e abriu fogo contra os vendedores e os clientes, matando 20 pessoas. Os terroristas foram mortos pelas forças de segurança.

O atentado foi reivindicado logo no mesmo dia pelo grupo jihadista Al-Mourabitoune (As Sentinelas) do famoso jihadista Mokhtar Belmokhtar, um contrabandista argelino, que disse ter agido “com a participação” da Al-Qaeda no Magreb Islâmico. Mas a Frente de Libertação do Macina reivindicou também, por seu lado, o massacre, cometido segundo eles com “a colaboração do Ansar Dine”.  

Em Março de 2012, o Norte do Mali ficou sob o controlo dos jihadistas ligados à Al-Qaeda, incluído o Ansar Dine. Os jihadistas foram dispersos e, em grande parte, expulsos durante a intervenção militar internacional liderada pela França em Janeiro de 2013, que ainda está em curso. Mas regiões inteiras estão fora do controlo das forças oficiais do Mali e das forças estrangeiras.

Desde o início do ano que os ataques jihadistas se espalharam para o Centro e o Sul do país.

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