Ataque israelita em Damasco matou pelo menos 42 soldados

Teerão diz que não havia armas iranianas nos alvos de Israel. Rússia preocupada com "sinais de preparação de uma intervenção" externa na Síria.

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Depois dos raides, Israel reforçou a segurança nos montes Golã, junto à fronteira com a Síria Menahem Kahana/AFP

Pelo menos 42 soldados sírios morreram no ataque aéreo israelita contra posições militares nos subúrbios de Damasco, diz o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.

“O destino de dezenas de outros soldados é desconhecido depois do raide israelita. Nos três locais atacados estão habitualmente 150 homens mas ignoramos se todos lá estavam durante o ataque”, disse à AFP Rami Abdel Rahman, director desta ONG que regista as vítimas da violência na Síria e que inicialmente tinha confirmado a morte de 15 soldados.

Na carta enviada à ONU a denunciar o ataque israelita, o regime de Bashar al-Assad diz que “esta agressão causou mortes e feridos e grave destruição nestas posições e nas zonas civis próximas”.

Segundo o Governo, aviões israelitas chegaram à capital síria depois de sobrevoarem o Sul do Líbano e “lançaram mísseis contra três posições das Forças Armadas da República Árabe Síria no nordeste de Jamraya, em Mayssaloun e no aeroporto de recreio de Al-Dimas”.

Em Jamraya terá sido atingido um centro de investigação militar, o mesmo que tinha sido visado pelo raide de Janeiro. Em Mayssaloun um depósito de munições. Muitos habitantes de Damasco sentiram a forte explosão provocada pelo ataque e da cidade viram-se as chamas que se espalharam pela montanha de Qasioun.

Apesar da ausência de uma confirmação oficial, vários políticos israelitas comentaram o ataque da madrugada de domingo, o segundo em poucos dias e o terceiro desde o início do ano. A mensagem que chega de Israel é que estes raides visaram impedir a passagem de armas sírias para o Hezbollah libanês, num sinal para o grupo xiita e para o Irão de que essas transferências não serão permitidas.

Um chefe militar de Teerão desmentiu esta segunda-feira que existissem armas iranianas nos locais atingidos, enquanto o ministro da Defesa de Teerão, Ahmad Vahidi, avisou que se Israel não puser fim a estes ataques “acontecimentos graves acontecerão na região e os Estados Unidos e o regime sionista não serão os vencedores”.

“O Governo sírio não precisa de armamento iraniano e esse tipo de informações fazem parte da guerra de propaganda e psicológica” contra a Síria, afirmou o general Massoud Jazayeri, adjunto do chefe do Estado-maior das Forças Armadas.

A Rússia afirmou-se "particularmente alarmada" com estes raides. "Estamos seriamente preocupados com os sinais de preparação da opinião pública para uma possível intervenção armada no conflito interno na Síria", fez saber o Ministério dos Negócios Estrangeiros num comunicado.

O ataque já tinha sido condenado pela Liga Árabe e o secretário-geral da ONU afirmou-se “muito preocupado”, apelando “ao respeito da soberania nacional e da integridade territorial de todos os países da região” e pedindo “a todas as partes para darem mostras de calma e evitarem uma escalada num conflito que já é devastador e muito perigoso”.

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