Ataque em França foi terrorismo e tem ligações com o Estado Islâmico
Yassin Salhi diz que matou o patrão e atacou uma fábrica nos arredores de Lyon por razões pessoais. Investigação discorda.
A investigação ao ataque de sexta-feira nos arredores de Lyon, em França, em que Yassin Salhi decapitou o seu patrão e tentou incendiar uma fábrica de gás, identificou uma “motivação terrorista” no atentado e apontou para ligações com o autoproclamado Estado Islâmico.
Estas conclusões foram anunciadas pelo procurador francês François Molins, numa conferência de imprensa em Paris, na manhã desta terça-feira. Salhi, que foi detido no local e confessou já ter matado Hervé Cornora, o seu patrão, continua a ser interrogado pelas autoridades.
De acordo com François Molins, Yassin Salhi esteve “regularmente em contacto” com um outro francês que partiu para combater com o grupo extremista na Síria, identificado nesta terça-feira como “Younes”, para quem Salhi enviou fotografias da cabeça decapitada de Hervé Cornora antes de tentar o ataque à fábrica. O desejo de Salhi seria que essas fotografias fossem publicadas pelos jihadistas, escreve a AFP.
Para além do mais, avançou o procurador, o ataque de sexta-feira “corresponde exactamente às ordens” lançadas pelos jihadistas há uma semana, à entrada para o mês do Ramadão, quando estes apelaram a um “mês sangrento” para os “infiéis”. No local onde Salhi depositou o corpo do patrão foram encontrados lençóis brancos com escritos em árabe de profissão de fé.
Mas não há indicações de que o ataque tenha sido comandado pelos extremistas. O próprio Salhi disse às autoridades que o atentado foi motivado por desentendimentos com Hervé Cornora e com a sua mulher. “Segundo ele”, avançou o procurador, “as motivações para os seus actos são puramente pessoais e o seu ataque não é terrorista”.
Para as autoridades, contudo, a ligação “terrorista” existe. “Um não exclui o outro, e a escolha de matar alguém que se odeie não exclui uma motivação terrorista”, disse François Molins.