Ataque de milícias contra mesquita sunita faz 68 mortos no Iraque

Tiroteio leva partidos a suspender negociações para formação de um novo Governo.

Quase 70 pessoas foram mortas a tiro nesta sexta-feira numa mesquita sunita na província de Diyala. O ataque, atribuído a milícias xiitas, é um dos mais sangrentos dos últimos meses no Iraque e um revés de consequências ainda difíceis de medir para Haider al-Abadi, o primeiro-ministro indigitado que tenta formar um governo capaz de unir todas as comunidades.

“É um novo massacre”, insurgia-se Nahida al-Dayani, deputada oriunda da aldeia onde ocorreu o ataque, na região de Hamrin. Segundo os relatos que conseguiu recolher, cerca de 150 pessoas participavam nas orações semanais de sexta-feira quando um grupo de homens empunhando metralhadoras entrou no local e começou a disparar. “Muitas das vítimas eram da mesma família. E algumas mulheres que correram para o local para saber dos seus familiares também foram mortas”, disse em entrevista à agência Reuters. O último balanço dava conta de 68 mortos, entretanto levados para Baquba, a capital provincial.

Fontes da polícia e do Exército contaram à AFP que os atacantes terão agido em retaliação pela morte de milicianos xiitas em confrontos não longe dali. Outros responsáveis dizem que o motivo terá sido a explosão de uma bomba à passagem de uma patrulha por uma estrada da zona. Em Diyala, província a norte de Bagdad junto à fronteira com o Irão, é disputada entre sunitas e xiitas e não foi poupada à ofensiva desencadeada em Junho pelos jihadistas do Estado Islâmico.

As mesquitas são um alvo frequente, mas particularmente sensível, do ciclo de ataques e retaliações entre xiitas e sunitas – em 2006 o ataque a uma mesquita xiita de Samarra fez disparar uma onda de violência sectária que colocou o Iraque em clima da guerra civil.

O ataque desta sexta-feira surge, contudo, num momento delicado, quando Abadi tenta que sunitas e curdos apoiem um governo de unidade nacional. O passo é considerado vital para unir o país na luta contra os jihadistas, depois de as políticas de o anterior executivo terem alienado a minoria sunita, criando um terreno fértil para que o Estado Islâmico se apoderasse de quase um terço do país.

Numa primeira reacção ao ataque, dois dos principais partidos sunitas anunciaram que vão suspender a sua participação nas negociações para a formação do novo governo até que sejam conhecidos os resultados da investigação ao massacre.

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