Ataque atribuído à Renamo mata duas pessoas em Moçambique

General do antigo movimento rebelde detido para interrogatório.

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Partido de Afonso Dhlakama é acusado pelo Governo dos ataques MARCO LONGARI/AFP - arquivo

Duas pessoas morreram e cinco ficaram feridas num ataque a um autocarro, esta sexta-feira de manhã, no centro de Moçambique, segundo o balanço oficial provisório divulgado pela RDP África. O ataque foi atribuído pelo Governo à Renamo, antigo movimento guerrilheiro e principal partido da oposição.

A polícia moçambicana deteve entretanto para interrogatório Jerónimo Malagueta, um “general” da Renamo (Resistência Nacional de Moçambique) que, na quarta-feira, anunciou a intenção do partido de impedir a circulação ferroviária e rodoviária no centro do país. O dirigente é acusado de “incitamento à violência”.

A agência noticiosa moçambicana AIM noticiou que foram atacados em momentos diferentes um veículo de transporte de passageiros e outro de carga. Os ataques desta sexta-feira ocorreram na região de Machanga, Sofala. “Não tenho dúvidas de que foi a Renamo”, disse Pedro Cossa, porta-voz do Ministério do Interior, citado pela Reuters

Arnaldo Machowe, administrador do distrito de Chibabava, disse à RDP África que elementos da Renamo "metralharam" um autocarro da transportadora Etrago, que não terá obedecido a ordens para parar, e um camião de carga. 

Na quarta-feira, o antigo movimento rebelde ameaçou bloquear, a partir de quinta, a linha de caminho-de-ferro por onde sai o carvão e a circulação rodoviária no centro do país. A ameaça foi feita depois de o Governo ter acusado a Renamo da autoria de um ataque a um paiol que provocou a morte de sete soldados, na segunda-feira.

"Serão tomadas medidas para enfraquecer a logística dos que fazem sofrer os moçambicanos", disse Jerónimo Malagueta. O dirigente afirmou que seria paralisada "a circulação dos comboios" na linha férrea do Sena e o tráfego na Estrada Nacional 1, o principal eixo rodoviário do país. Aquela linha férrea é essencial para escoar a produção de carvão das minas de Moatize, no Nordeste, através do porto da Beira, no centro.

O partido alegou que está a ser preparada uma ofensiva do Exército contra o seu antigo quartel-general, na serra da Gorongosa. "A Renamo vai posicionar-se para impedir a circulação de veículos de transporte de pessoas e bens, porque o Governo usa esses veículos para transportar armas e soldados à civil", acusou o dirigente detido esta sexta-feira.

Malagueta desmentiu que o ataque a um paiol das Forças Armadas na província de Sofala tivesse sido feito por membros da Renamo e sugeriu que, devido ao "descontentamento geral", "outros moçambicanos" tivessem empunhado armas.

Os recentes ataques seguem-se a outras acções – em Abril, por exemplo, um ataque atribuído à Renamo causou a morte de quatro agentes da Força de Intervenção Rápida. A sucessão de casos tem feito aumentar a tensão, quando se aproxima um período eleitoral – as municipais estão agendadas para Novembro e as presidenciais para 2014. A Frelimo convocou para sábado uma manifestação de repúdio pelos recentes ataques.

Governo e Renamo têm mantido conversações, sem resultados visíveis. A antiga guerrilha pretende a renegociação dos acordos de paz de 1992, contesta as leis eleitorais e acusa a Frelimo, no poder, de apropriação da riqueza do país. O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, retirou-se no ano passado para a Gorongosa e ameaçou voltar à guerra.
 
 
 

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