Assim não

A maioria dos gregos disse “não”. Não disse “não” ao euro nem “não” à União Europeia. Foi “não” à maneira como os dirigentes democraticamente eleitos pelos gregos têm sido tratados pela troika.

A troika pode queixar-se da maneira como se têm comportado os dirigentes gregos. Mas já não pode dizer que eles não têm defendido os interesses da Grécia. A Grécia, numa democracia parlamentar, é uma coisa simples: é a maioria dos eleitores gregos.

A maioria dos eleitores gregos é a Grécia. E a Grécia disse maioritaria e directamente “não” à troika como disse “sim” aos dirigentes do Syriza que actualmente representa a Grécia.

A austeridade é uma palavra mentirosa. Significa menos dinheiro e menos serviços sociais para todos. Quanto mais pobre se é, mais se sofre. Na Grécia todos os meses há cada vez mais pobres. A somar a todos os pobres que sempre o foram, há todos aqueles que só recentemente passaram a sê-lo.

Os dirigentes da troika e dos governos da União Europeia têm de ter a coragem e a clareza de deixar de culpar a Grécia e os dirigentes gregos e passar a culpar os próprios eleitores gregos.

Os eleitores gregos, quando elegeram o Syriza e disseram “não” neste referendo, votaram na esperança de parar o empobrecimento. Não é heróico. Mas é digno por ser humano.

Claro que os eleitores de cada um dos outros países da União Europeia têm a mesma importância do que os gregos. Os gregos não são nem podem ser especiais. Mas têm de ser considerados iguais. E irmãos.

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