Assessor de Hollande forçado a demitir-se devido a conflito de interesses

Site Mediapart publicou artigo em que acusa Aquilino Morelle de ter sido consultor de laboratórios farmacêuticos.

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Aquilino Morelle é um próximo do primeiro-ministro Manuel Valls FRED DUFOUR/AFP

Aquilino Morelle, conselheiro próximo do Presidente François Hollande, viu-se forçado a apresentar nesta sexta-feira a sua demissão, depois de ter sido acusado de ter beneficiado empresas farmacêuticas quando era membro da Inspecção Geral dos Assuntos Sociais, e por levar “uma vida sumptuária” com os meios do Estado, num artigo publicado quinta-feira pelo site Mediapart.

“Quero reafirmar que não fiz nada de errado. Nunca estive numa situação de conflito de interesses”, afirma Morelle num comunicado divulgado esta manhã, no qual diz desejar “pôr termo às suas funções” no Eliseu, para “poder responder livremente aos ataques” de que é alvo, relata a AFP.

O site Mediapart relatava os hábitos de “um pequeno marquês que abusa dos privilégios da República”, num texto cheio de veneno, em que contava, por exemplo, como Aquilino Morelle mandava chamar ao Palácio do Eliseu, residência oficial do Presidente da República, o seu engraxador, durante as horas de trabalho.

O artigo revelava ainda que Morelle, enquanto era membro deste órgão de regulação estatal, efectuou vários trabalhos de consultor para laboratórios farmacêuticos, como o norte-americano Lilly e dinamarquês Lundbeck, metendo pelo meio a importante empresa de comunicação e publicidade Euro RSCG – ligada a figuras gradas do PS francês.  

Próximo de Arnaud Montebourg e Manuel Valls, os dois novos homens fortes do Governo francês, Morelle estava junto a Hollande no Eliseu desde o primeiro momento, e tinha recentemente sido encarregado da comunicação do Presidente da República, diz o Le Monde.

Hollande reagiu rapidamente após a demissão, distanciando-se do seu assessor e utilizando a figura de estilo da anáfora (a repetição da mesma palavra no princípio de uma frase), que lhe é bastante característica: “Aquilino Morelle tomou a única decisão que se impunha, a única decisão conveniente, a única decisão que lhe permitirá responder às questões que lhe são colocadas”. 

O novo líder do Partido Socialista, Jean-Christophe Cambadélis, saiu a campo a exigir a demissão de Morelle, “se as acusações se revelarem verdadeiras”.

Aquilino Morelle defendeu-se, na sua página do Facebook, recordando que “é médico, antigo interno dos Hospitais de Paris e antigo aluno da Escola Nacional de Administração”, mas também “inspector-geral dos Assuntos Sociais”. Garantiu que respeitou “todas as regras e procedimentos, em particular os que exigiam passagem perante a comissão de deontologia” da função pública.

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