As voltas e reviravoltas da festa de boas vindas para refugiados na Alemanha

Tribunais diferentes anulam e revertem decisões relativas a manifestações em Heidenau, cidade-símbolo dos crescentes ataques a centros de acolhimento a refugiados no país.

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A festa de boas-vindas aos refugiados em Heidenau acabou por se realizar Sebastian Willnow/AFP

Afinal houve festa. Habitantes de há muito e recém-chegados, cabelos louros e cabelos escuros, olhos azuis e olhos castanhos, as mesmas caras alegres: a cidade alemã de Heidenau, perto de Dresden (Leste) quis mostrar a sua outra face e receber os refugiados com música e dança, depois de o centro ter sido atacado e ter havido confrontos com activistas de extrema-direita.

A festa de recepção e a possibilidade de manifestações estiveram no centro de uma batalha legal com várias etapas. No fim-de-semana passado, a violência dos extremistas que queriam incendiar o local deixou 31 políticas feridos.

Esta festa foi marcada, cancelada, e recebeu finalmente luz verde para se realizar, depois de uma série de decisões de vários tribunais reverterem e mudarem ordens anteriores. Acabou por ser autorizada apenas uma manifestação contra a extrema-direita.

As autoridades tinham antes pedido a proibição de todas as manifestações na cidade durante o fim-de-semana, quando chegariam os refugiados ao centro. Mas uma decisão judicial decretou esta medida ilegal e a festa de boas-vindas aos refugiados foi cancelada – havia medo de confrontos. Mais tarde, uma segunda decisão de um tribunal de recurso, motivada por uma queixa de um cidadão que se queria manifestar a favor da presença dos refugiados e contra os extremistas, autorizou esta manifestação, diz a revista alemã Der Spiegel.

Acabaram por participar na festa centenas de pessoas, onde além da comida e bebida, havia caixas com brinquedos para os mais novos entre os recém-chegados.

A maioria dos alemães acham que o país pode e deve ajudar os refugiados (uma sondagem dizia que mais de 60% pensam que há condições para o fazer) mas uma minoria tem levado a cabo ataques cada vez mais violentos. Os media têm tido iniciativas, tentando mostrar o ponto de vista dos recém-chegados, com projectos especiais como o “como eles nos vêem”, em que os refugiados mostram imagens nos telemóveis que tiraram no novo local onde vivem. 

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