Aprovação do polémico oleoduto Keystone XL nos EUA e Canadá mais perto

A estrutura, que está em estudo desde 2008, tornou-se um potente símbolo das guerras ambientais nos EUA.

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A actriz Daryl Hannah foi presa em 2011 numa manifestação frente à Casa Branca contra o Xeystone XL Saul LOEB/AFP

O Departamento de Estado norte-americano divulgou um muito esperado relatório que abre caminho à aprovação pelo Presidente Barack Obama da parte internacional do oleoduto Keystone XL, para transportar 830 mil barris de petróleo diários extraídos das areias betuminosas do Canadá para as refinarias na costa do Golfo, nos Estados Unidos.

O processo de extracção deste petróleo, que implica queimar as areias betuminosas do Nordeste da província de Alberta, cria mais 17% de emissões de gases com efeito de estufa do que arrancar do solo petróleo pelos métodos tradicionais, diz o relatório do Departamento de Estado.

Mas este petróleo altamente poluente já está a ser explorado e a ser levado para o mercado mesmo sem o oleoduto – o transporte por via-férrea ganhou grande intensidade nos últimos anos –, pelo que a construção da parte internacional do Keystone XL não deverá fazer grande diferença, conclui o documento. “É pouco provável que um oleoduto altere o desenvolvimento geral das areias betuminosas”, disse um responsável do Departamento de Estado, citado pelo New York Times.

O Departamento de Estado dos EUA tem de se pronunciar sobre esta parte do projecto porque a tubagem que se estenderá ao longo de cerca de 1900 quilómetros cruza a fronteira entre o Canadá e os Estados Unidos. Uma outra parte do oleoduto, localizada apenas nos EUA, já está a funcionar.

Mas esta não é a palavra final sobre este projecto altamente contencioso. Oito outros Departamentos do Governo norte-americano estão envolvidos no processo, e o secretário de Estado John Kerry terá ainda de se pronunciar, dizendo se considera que o oleoduto é do interesse nacional, e fazer uma recomendação ao Presidente Barack Obama, que só então deverá anunciar a sua decisão.

O oleoduto Keystone XL tornou-se um potente símbolo das guerras ambientais nos EUA. Está em estudo desde 2008, e é uma bandeira tanto para os ambientalistas que o usam como um toque a reunir para a luta contra as emissões de gases com efeito de estufa, como para a direita conservadora e para a indústria do petróleo, que apresentam o projecto como símbolo da possibilidade de os EUA alcançarem a independência energética e criarem empregos.

No seu segundo mandato, Obama manifestou a intenção de deixar uma herança em termos ambientais, e nomeadamente na área do clima. Mas no que toca ao Keystone XL, será ambivalente. Segundo o New York Times, pessoas próximas do Presidente dizem que ele não encara a construção deste oleoduto como uma peça central da construção dessa herança. Preocupa-se mais em tentar impor regulamentações nas centrais eléctricas a carvão – que são a principal fonte de emissões de gases com efeito de estufa nos EUA.

O Presidente disse que os efeitos do oleoduto sobre o clima seriam centrais na sua tomada de decisão. E o relatório do Departamento de Estado tende a desculpar esses efeitos, pelo que o caminho parece começar a abrir-se para a aprovação do Keystone XL por Obama.

No Canadá é que a exploração deste petróleo terá pesadas consequências: “Os canadianos já admitiram que a quantidade de dióxido de carbono que vão libertar por explorar as areias betuminosas aumentará as suas emissões de gases com efeito de estufa em 38% até 2030, em vez de as reduzir, como todos os cientistas dizem que é preciso fazer para evitar alterações climáticas catastróficas”, comentou ao Washington Post Larry Schweiger, presidente da Federação Nacional da Vida Selvagem norte-americana.

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