Amnistia a Edward Snowden ganha adeptos na liderança da NSA

Responsável da agência apontado como futuro n.º 2 admite uma amnistia em troca dos documentos sobre programas de espionagem.

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O analista informático está a viver na Rússia desde Junho Sergei Karpukhin/Reuters

O responsável pela investigação às revelações sobre os programas da Agência de Segurança Nacional (NSA) norte-americana admite conceder uma amnistia a Edward Snowden, se o analista informático devolver todos os documentos que tem em sua posse.

Numa entrevista ao programa "60 Minutes", da CBS, Richard Ledgett sublinhou que a ideia está longe de ser consensual, mas a sua provável nomeação para n.º 2 da NSA, em Janeiro, poderá mudar a situação.

"A título pessoal, digo que sim. Vale a pena conversarmos sobre isso. Precisaria de garantias de que o resto da informação poderia ficar em segurança e a minha fasquia para essas garantias seria muito alta. Seria preciso mais do que uma declaração da parte dele", disse o responsável.

Nomeado pelo director da NSA, o general Keith Alexander, para liderar as investigações à fuga de documentos sobre os programas de espionagem, Richard Ledgett é dado como provável substituto de John C. Inglis, o representante civil no topo da agência. Também o líder máximo, Keith Alexander, sairá da NSA em 2014, o mais tardar em Abril.

Por enquanto, a ideia de uma amnistia está fora de hipótese – o Departamento de Estado não concorda e o general Keith Alexander disse à CBS que uma solução desse género poderia incentivar a multiplicação de fugas de informação.

"Seria como um sequestrador que faz 50 reféns, mata dez e depois diz: 'Se me concederem uma amnistia, deixarei sair os outros 40'. O que fazemos numa situação destas?", questionou-se Keith Alexander, também no programa "60 Minutes", que será transmitido na noite deste domingo.

"Acho que as pessoas devem ser responsabilizadas pelas suas acções. Não queremos que outras pessoas façam o mesmo, que fujam para Hong Kong e para Moscovo com outro volume de informações, sabendo que podem chegar a acordo", disse o ainda director da NSA.

O Departamento de Estado norte-americano reforçou a ideia de Alexander. "A nossa posição não mudou. O sr. Snowden enfrenta acusações muito graves e deve regressar aos Estados Unidos para ser confrontado com elas", disse a porta-voz Marie Harf, sublinhando que Richard Ledgett deu uma "opinião pessoal".

Edward Snowden está na Rússia desde 23 de Junho, onde chegou duas semanas depois de ter revelado ao mundo que era ele o responsável pela divulgação dos segredos sobre os programas de espionagem da NSA. Ao fim de 39 dias a viver no aeroporto de Cheremetievo, em Moscovo, as autoridades russas concederam-lhe asilo temporário, pelo prazo de um ano.
 
 

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