Alunos e professores de liceu em França submetidos a testes de ADN após violação de estudante

Caso ocorreu em Setembro de 2013, quando uma aluna foi violada na escola. Recolha em massa de ADN é única forma de chegar ao agressor, defende a polícia.

Junto ao portão da escola são mais os jornalistas que os alunos
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Junto ao portão da escola são mais os jornalistas que os alunos XAVIER LEOTY/AFP
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Material para recolha de amostra de ADN
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Material para recolha de amostra de ADN XAVIER LEOTY/AFP

Alunos, professores e pessoal de um liceu privado em La Rochelle, França, estão desde segunda-feira a ser submetidos a testes de ADN no âmbito de uma investigação à violação de uma estudante no estabelecimento de ensino. Segundo as autoridades, só com este procedimento se conseguirá identificar agressor.

O caso ocorreu a 30 de Setembro do ano passado, quando uma aluna de 16 anos foi violada nas casas de banho do liceu Fénelon-Notre-Dame, uma escola profissional privada católica. Segundo o Le Monde, que cita a procuradora da  Isabelle Pagenelle, a vítima não conseguiu identificar o violador “por ter sido agredida por trás e na escuridão”. O único registo do agressor é um vestígio de ácido desoxirribonucleico, ou ADN, deixado na roupa da jovem.

A investigação do caso teve início em Outubro. Após uma tentativa de identificação, na base de dados de ADN da polícia não foi encontrada qualquer correspondência genética. Foi por esta razão que as autoridades explicam que se decidiu avançar com a realização de testes de ADN entre 475 dos 1300 alunos da escola, 31 professores e 21 elementos da equipa administrativa e externa do liceu. A polícia não explicou por que apenas alguns dos alunos foram convocados para a recolha de ADN.

A situação só se tornou pública na última sexta-feira, quando foi avançado à comunicação social que um juiz tinha autorizado a realização de testes de ADN no liceu.

Os testes começaram na segunda-feira e estendem-se até quarta-feira, decorrem no interior do liceu e são realizados por elementos da Polícia Judiciária, indica ainda o Le Monde. Para já foram recolhidas 251 amostras, indica, por sua vez, o Libération. Quem se recusar a realizá-los será colocado sob prisão preventiva, a sua casa será revistada e passa a ser considerado "suspeito", o que não aconteceu até aqui.

A polícia informou que as análises que não tiverem correspondência com o vestígio biológico recolhido na roupa da vítima serão destruídas e não serão incluídas na base de dados das autoridades. Estima-se que os resultados sejam conhecidos dentro de um mês.

A procuradora explicou que as autoridades tinham duas hipóteses neste caso: “Não avançar com uma acção ou fornecer todos os meios para identificar o autor, sabendo que se está num ambiente fechado e existe mais probabilidade de o violador ser alguém do interior”. “É ainda necessário impedir que haja uma reincidência”, sublinhou a responsável.

Apesar do mediatismo que envolve a operação da polícia, junto ao liceu tudo decorre na normalidade e sem incidentes, bem como no interior onde se procede à recolha de amostras de ADN, que as autoridades garantem estar a ser realizada “na maior descrição”. A direcção da escola disponibilizou um psicólogo para acompanhar os alunos, pais e pessoal docente e administrativo.

A única questão que levanta algumas dúvidas entre alunos e encarregados de educação é o facto de a recolha de ADN estar a ser apenas realizada sete meses depois do crime. Isabelle Pagenelle disse que foi necessário garantir que a amostra retirada da roupa da vítima não provinha de um familiar ou de alguém entre as pessoas registadas na base genética nacional.

A procuradora sublinhou ainda que não foi excluída a hipótese de o atacante ser alguém externo à escola, que entrou no liceu sem autorização e escapou sem ser detectado. Mas a polícia acredita que a violação terá sido cometida por alguém conhecido no estabelecimento de ensino.

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