Alemanha quer apoiar o opositor-pugilista Klitschko na Ucrânia

Partido da chanceler tem dado formação a deputados e staff do Udar segundo a revista Der Spiegel.

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Klitschko na manifestação de domingo em Kiev Gleb Garanich/Reuters

A chanceler alemã, Angela Merkel, e o grupo de conservadores do Parlamento Europeu, estão a apoiar o pugilista Vitali Klitschko para este se apresentar como candidato às eleições contra o actual Presidente, Viktor Ianukovich, diz a revista alemã Der Spiegel.

A Alemanha e a União Europeia terão esperança de que o pugilista possa ser a figura-chave para uma reaproximação entre Kiev e Bruxelas mas, ainda segundo a Spiegel, acham que lhe falta experiência política.

Espera-se ainda que Klitschko apareça numa reunião de chefes de Estado e de Governo da União Europeia em meados de Dezembro e que tenha um encontro com a chanceler, Angela Merkel.

A França anunciou este domingo um encontro: “Vou receber o sr. Klitschko oficialmente no Quai d'Orsay”, disse o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Laurent Fabius.

Klitschko está a surgir cada vez mais como a mais importante figura da oposição – e também como o político mais popular da Ucrânia, ultrapassando a antiga primeira-ministra, agora detida, Iulia Timoschenko, escrevia o diário Financial Times. O jornal destacava “o seu apelo de homem comum, plataforma anti-corrupção e pró europeia” e ainda, “o candidato em melhor posição para unir o país”. Recentemente, apareceu num comício pró-Ianukovich e muitos participantes pediram o seu autógrafo. Recentes sondagens dizem que numa segunda volta de eleições presidenciais com Ianukovich, Klitschko teria uma vantagem de 20% de votos.

O pugilista-político de 42 anos, dois metros de altura e 114 quilos de peso tem ligações à Alemanha, onde viveu nove anos – pode ser, no entanto, um ponto fraco, já que escolheu pagar os seus impostos lá e não na Ucrânia, diz o FT. Ainda há um ano, Klitscho participou no congresso da CDU, em Hanover, onde já então pedia para que os países europeus distinguissem a Ucrânia do seu Executivo e Presidente.

A Spiegel dá ainda conta do apoio da União Democrata-Cristã, de Merkel, a CDU, ao partido Udar, de Klitschko, tanto em termos logísticos como de formação para os deputados do partido e o seu staff. Revela que altos responsáveis da CDU, assim como o ministro dos Negócios Estrangeiros, Guido Westerwelle, se encontraram com Klitschko e lhe prometeram apoio.

Na sua ida a Kiev na semana passada para a cimeira ministerial da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE),Westerwelle provocou a ira do Governo ucraniano ao não se reunir com este e preferir encontrar-se com os manifestantes.

Enquanto isso, deputados do partido do Presidente ucraniano aprovaram uma lei impedindo pessoas com direito de residência no estrangeiro de se candidatarem à presidência – o que afectaria Klitschko, que tem autorização de residência na Alemanha. Mas o pugilista acha que ainda assim vai conseguir concorrer às eleições de 2015: “O regime está claramente preocupado, e estão a tentar modos pseudo-legais de me impedirem de concorrer”, disse. “Estão ofendidos porque Klitschko ganhou o seu dinheiro honestamente, não roubou, e tem um grande apoio. Não há razões legais para me bloquearem”.

A luta contra a corrupção foi sempre o seu tema principal, já quando se tinha candidatado, pela segunda vez, à câmara de Kiev em 2008, com o slogan “Forte e honesto”.
 
 
 

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