Além do maquinista, juiz imputa responsabilidades a empresa no acidente em Santiago

Magistrado quer que Adif, empresa gestora de infra-estruturas ferroviárias de Espanha, determine quem falhou na garantia de segurança na linha.

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Setenta e nove pessoas morreram no acidente em Santiago Adriano Miranda

O juiz responsável pela instrução do caso do acidente ferroviário em Santiago de Compostela, ocorrido a 24 de Julho, e no qual morreram 79 pessoas, imputou também responsabilidades à Adif, empresa gestora de infra-estruturas ferroviárias de Espanha. Além do maquinista, acusado de imprudência ao conduzir com excesso de velocidade, Luis Aláez quer que sejam atribuídas responsabilidades à empresa quanto à segurança da linha ferroviária entre Ourense e Santiago de Compostela, onde se deu o acidente.

Num auto publicado nesta terça-feira, e citado pela imprensa espanhola, o juiz Aláez mantém que foi o excesso de velocidade que provocou o acidente mas acrescenta que “existiu uma omissão de cautelas elementares por parte de quem tem como missão garantir a segurança da circulação ferroviária na linha em causa”. Para o magistrado, essa omissão constituiu “uma imprudência punível", cita o El País.

O juiz sublinha no auto que não pretende uma penalização generalizada do sector ferroviário em Espanha, mas argumenta que “um exame mais aprofundado das circunstâncias em que se deu o sinistro permite inferir também uma conexão entre a omissão de medidas de segurança preventivas […] e uma conduta imprudente das pessoas responsáveis pela garantia de uma circulação segura”.<_o3a_p>

Luis Aláez admite que o tribunal não consegue determinar a pessoa ou pessoas concretas que devem ser chamadas na Adif, deixando essa responsabilidade à empresa que deverá internamente apurar quem deve ser imputado neste caso. A empresa não fez ainda qualquer declaração.<_o3a_p>

Para já, apenas há um acusado pelo acidente em Santiago de Compostela, o maquinista do comboio de alta velocidade que está a aguardar julgamento em liberdade mas obrigado a apresentações periódicas às autoridades.

Um inquérito judicial está ainda em curso para analisar o que levou Francisco José Garzón Amo a fazer a curva apertada de Angrois, à chegada a Santiago de Compostela, a 179 km/h, quando o máximo permitido naquele local é 80 km/h. De acordo com as "caixas negras" do comboio, a última velocidade registada antes do descarrilamento era de 153 km/h. Segundos antes, o maquinista tinha falado ao telemóvel com o controlador do comboio.<_o3a_p>

Inicialmente, o juiz chegou a considerar que para a imprudência de Garzón Amo tivesse contribuído o facto de ter estado ao telefone com o supervisor, durante cerca de 11 segundos, mas reviu essa hipótese.<_o3a_p>

No acidente de 24 de Julho morreram 79 pessoas, sendo que 17 feridos continuam hospitalizados, um deles nos cuidados intensivos do Hospital Clínico de Santiago.<_o3a_p>

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