Robô submarino que procurava avião da Malaysia Airlines não conseguiu chegar ao fundo do oceano

Missão foi interrompida seis horas depois do início. Profundidade do Índico na zona onde estão a ser feitas buscas é maior do que se supunha.

Cada missão do Blue Fin 21 vai durar 24 horas
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Cada missão do Blue Fin 21 vai durar 24 horas BlueFin Robotics
O robot construído pela BlueFin Robotics para a Marinha dos EUA
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O robô construído pela BlueFin Robotics para a Marinha dos EUA BlueFin Robotics

Um robô submarino que na segunda-feira começou a ser usado para procurar destroços do Boeing 777 desaparecido interrompeu a sua missão, depois de ter atingido à sua profundidade máxima, 4500 metros, sem ter conseguido chegar ao fundo do oceano. Para que as buscas possam continuar terá de ser usado outro tipo de veículo subaquático.

“Depois de cerca de seis horas de missão, o Blue Fin 21 excedeu a sua profundidade operacional limite de 4500 metros e regressou à superfície”, informou esta terça-feira a Autoridade de Segurança Marítima da Austrália, que lidera as operações internacionais no Sul do Índico.

Seis dias depois da captação dos últimos sinais acústicos que poderiam pertencer às caixas negras do avião da Malaysia Airlines desaparecido a 8 de Março, com 239 pessoas a bordo, as autoridades australianas decidiram na segunda-feira que era tempo de começar a usar o robô submarino para procurar destroços.

Ao 38.º dia, os responsáveis pela busca terão desistido de esperar por novos sinais – as baterias dos localizadores das caixas negras têm uma duração estimada de um mês, embora já tenha havido casos em que funcionaram até mais dez dias. Ainda assim, as buscas à superfície não foram para já dadas por terminadas.

A análise das quatro transmissões captadas pelo sonar acoplado ao navio da Marinha australiana Ocean Shield entre 5 e 9 de Abril permitiu “definir provisoriamente uma área de fundo do mar reduzida e razoável”, explicou Angus Houston, chefe da Autoridade de Segurança Marítima da Austrália, que lidera as operações internacionais no Sul do Índico.

A área tem sido progressivamente diminuída: domingo, passou-se de 600 quilómetros quadrados, o tamanho de uma cidade média, para 340 quilómetros quadrados, nada pouco, apesar de tudo, para um aparelho que se desloca a menos de nove quilómetros por hora.

“Tentar localizar seja o que for a 4,5 quilómetros de profundidade e a uns 1000 quilómetros da costa é uma tarefa gigante, gigante, e é provável que se prolongue durante muito tempo”, avisou o primeiro-ministro australiano, Tony Abbot.

O Blue Fin 21, o robô subaquático com quase cinco metros de comprimento, está equipado com um sonar que detecta objectos no fundo do mar e distingue se são feitos pelo homem. “Envia um som, energia sonora, e fica à espera do eco. O tempo entre o som enviado e o som recebido diz-nos a que distância está o objecto e a intensidade do som diz-nos quão denso ou forte esse contacto é”, explicou Mark Matthews, o capitão da Marinha norte-americana que coordena as operações com o Blue Fin 21.

Este robô, diz Matthews, citado pelo jornal Guardian, foi escolhido pela rapidez com que podia ser activado. Mas não é necessariamente a escolha perfeita para analisar uma área tão grande. O capitão explicou também que, se ultrapassar a profundidade operacional limite mais do que uma vez, não poderá voltar a funcionar.

Cada missão do Blue Fin 21 deveria durar 24 horas: quatro horas de viagem, duas para descer, mais duas para voltar à superfície; 16 horas de buscas e quatro horas para descarregar os dados recolhidos. Se tivesse captado um sinal que indicasse a presença de destroços, o robô desceria equipado com uma câmara no lugar no sonar.

O mesmo navio que transportou o submergível localizou uma mancha de combustível na área onde os sinais foram captados. Foi recolhida uma amostra, mas os resultados das análises vão demorar vários dias e, até lá, não há forma de saber se o combustível pertence a um avião.

Após cinco semanas, a equipa australiana que assegura a coordenação das buscas no Sul do Índico acredita que está à procura do avião na zona certa. Por conhecer continuam os motivos do desastre – o voo MH370 desapareceu dos radares menos de uma hora depois da descolagem, mas, a partir da análise de dados recolhidos por satélite, sabe-se que mudou abruptamente de rota até se despenhar. O inquérito criminal, realizado na Malásia, concluiu que foi desviado de forma intencional.

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