AFP nega censura de foto de Hollande

Agência noticiosa francesa lamenta mal-entendido que provocou ter retirado uma foto do Presidente francês.

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Uma imagem muito parecida com a retirada foi escolhida uma das "fotos do dia" pela AFP Denis Charlet/AFP

Na foto, Hollande aparece com um ar um pouco – não haverá muitas outras maneiras de dizer – apatetado. Está a sorrir, os olhos meio esbugalhados, a testa franzida. Em cima, uma frase escrita num quadro de escola sobre a rentrée. A AFP decidiu tirar a foto de circulação, e o que conseguiu foi chamar ainda mais a atenção para ela.

Após a especulação ter crescido nos media sociais, com alguns a evocarem mesmo um pedido do Eliseu para a não publicação da imagem, outros a falarem mesmo de “censura”, a agência resolveu explicar o que se passou, no seu blogue, num texto assinado pelo director de informação da agência, Philippe Massonnet.

Este garante que não foi o caso. Embora questione a decisão de retirar a foto posteriormente – nem que seja por ter conseguido exactamente o efeito de a tornar uma das mais partilhadas do dia.

A agência explica que na sua política está o não publicar imagens que ridicularizem as pessoas. Ao aperceber-se de que esta imagem tinha sido difundida ao mesmo tempo que outras – incluindo uma semelhante que foi mesmo escolhida como foto do dia, mas em que o sorriso de Hollande não é acompanhado pela expressão mais forte dos olhos e da testa – um responsável do departamento de fotografia decidiu retirá-la.  Muitas vezes, os fotógrafos da AFP apanham dirigentes mundiais em poses pouco abonatórias, “prestes a pôr o dedo no nariz”, por exemplo, e essas imagens não são divulgadas. E nesta situação, o fotógrafo era de “pool”, ou seja, estava a tirar fotografias não só para a AFP como para outras agências, tendo assim uma “responsabilidade particular”: É suposto “dar uma visão do conjunto do evento”.

“É preciso evitar ângulos demasiado insólitos ou demasiado redutores, susceptíveis de fazer sair a imagem do seu contexto ou de distorcer o seu sentido”, sublinha Massonnet.

A retirada da imagem, garantiu o director de informação, “obedeceu a considerações puramente editorais”: “Foi tomada em toda a independência. Não fomos objecto de qualquer pressão. Nunca a presidência francesa nos exigiu que tomássemos esta medida.”

Mas reconheceu o erro: “Ao querer ‘matar’ esta foto após alguns minutos de existência, duplicamos a sua esperança de vida e abrimos a porta a uma polémica sobre um suposto intervencionismo do Eliseu. A credibilidade da agência ficou em causa”. Tudo por causa de uma imagem “banal e muito longe de ser escandalosa, que teria sem dúvida passado despercebida (a AFP publica em média 2500 fotos por dia)”.

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