Adjunto da NATO alerta que Brexit pode ter “efeitos corrosivos” sobre a Aliança

“Um forte Reino Unido e uma Europa forte são fundamentais”, disse o norte-americano.

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AFP

O secretário-geral adjunto da NATO, o norte-americano Alexander Vershobow, alertou esta quinta-feira, em Lisboa, que uma eventual saída do Reino Unido da União Europeia (UE) pode ter efeitos corrosivos sobre a solidez da Aliança Atlântica. Vershobow falava numa conferência na Assembleia da República sobre os desafios da próxima cimeira da NATO, em Varsóvia, promovida pela comissão parlamentar de Defesa Nacional.

“Um forte Reino Unido e uma Europa forte são fundamentais”, disse o norte-americano, antigo embaixador do seu país na NATO e na Federação Russa, e ex-director dos Assuntos Europeus de Washington. “Uma divisão pode ter efeitos corrosivos sobre a NATO, espero que esses efeitos não ocorram”, precisou.

Foi só a uma pergunta do deputado socialista Vitalino Canas que o número dois da Aliança Atlântica se referiu às sombras que a saída de Londres da UE e, consequentemente, da política de segurança europeia, pode suscitar. A sua intervenção estava centrada nos desafios que a NATO enfrenta a leste – Rússia – e a sul – instabilidade no Mediterrâneo.

“Veremos o que acontece, temos de respeitar a decisão do povo britânico, a NATO não será directamente afectada”, começou por responder aos parlamentar do PS. Contudo, admitiu: “Um Reino Unido forte e uma Europa forte são fundamentais, a divisão pode ter efeitos corrosivos.”

Tanto mais que Alexander Vershbow reconheceu que a cena internacional vive num ambiente de incertezas, e que a coordenação da NATO com a UE não é perfeita. “Não é fácil, há problemas políticos quando um país [da União Europeia] não é reconhecido por um membro da NATO”, disse. Uma referência ao diferendo entre a Turquia, membro da Aliança, e Chipre, da família europeia.

“É importante haver coordenação para evitar duplicações e aproveitar complementaridades, é uma simbiose natural que se tem de desenvolver, nos derradeiros meses evoluímos mais que nos últimos anos, quando a questão de Chipre estiver resolvida poderemos trabalhar mais”, prognosticou.

A UE como um dos pilares da arquitectura da segurança da Europa – o outro são as relações Estados Unidos/Rússia – foi também destacada por Álvaro Vasconcelos. O ex-director do Instituto de Estudos de Segurança da União Europeia salientou o ressurgimento de movimentos nacionalistas na Europa. “Ganhe o sim ou o não no referendo britânico, o nacionalismo naquele país está para durar”, garantiu Álvaro Vasconcelos.

“A fragilidade da União Europeia é um problema muito significativo, a ausência da EU da cena internacional é um dos problemas mais graves com que nos enfrentamos”, concluiu.

As incertezas britânicas mereceram, também, duas referências ao ministro da Defesa Nacional. “ [Hoje] é um dia que se adivinha marcante para o futuro da Europa”, disse Azeredo Lopes. “No dia em que se realiza um referendo que, seja qual for o resultado, não deixará de constituir um desafio de monta à resiliência da Europa como um todo”, foi a segunda observação do titular da Defesa.

 

 

 

 

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