Activista das Pussy Riot em greve de fome transferida para hospital da prisão

Nadezhda Tolokonnikova foi colocada numa cela solitária na quarta-feira e diz que os guardas deixaram de lhe dar água.

Foto
Nadezhda Tolokonnikova foi condenada a dois anos de prisão NATALIA KOLESNIKOVA/AFP

Uma das integrantes da banda punk russa Pussy Riot, Nadezhda Tolokonnikova, foi transferida para a clínica da prisão onde cumpre uma sentença de dois anos, ao fim de quatro dias em greve de fome.

A notícia foi avançada pelo marido de Tolokonnikova, Piotr Verzilov, através do Twitter: "A Nadia está no hospital, mas eles recusam-se a apresentar documentos e negam a presença da sua equipa de advogados. Começou o bloqueio."

Na quinta-feira, Tolokonnikova disse que os guardas tinham deixado de lhe dar água, uma acusação que as autoridades negam. De acordo com a direcção da colónia prisional da Mordóvia – para onde a activista foi transferida no Outono passado –, as garrafas de água foram substituídas por água quente a conselho dos médicos. 

O advogado Dmitri Dinz disse aos media russos que Nadezhda Tolokonnikova está "muito fraca". O representante da integrante das Pussy Riot disse ainda que os responsáveis pela prisão foram chamados para uma reunião em Moscovo, mas não avançou os motivos.<_o3a_p>

No início da semana, Tolokonnikova escreveu uma carta aberta, publicada no jornal britânico The Guardian, onde deu conta do que diz ser o ambiente de terror vivido pelas detidas: "Têm medo das próprias sombras, vivem aterrorizadas". Em resposta, fez saber que a greve de fome era "a única forma" de se fazer ouvir.

"E eu recuso baixar os braços. Não ficarei em silêncio, resignada a ver colegas da prisão a desfalecer sob a pressão de condições de escravatura. Exijo que sejamos tratadas como seres humanos", escreveu.

Na colónia penal nº14 – um campo de trabalho dos tempos do sistema Gulag da era Estaline, a mais de 400 quilómetros de Moscovo –, "ninguém ousa desobedecer", denunciou Tolokonnikova. De acordo com o seu testemunho, as detidas são tratadas como "escravas" e chegam a trabalhar 17 horas por dia a coser uniformes da polícia – e se não cumprirem as quotas impostas, diz, são privadas de comida e de usarem a casa de banho. A direcção da prisão afirma que nenhuma das detidas trabalha mais do que oito horas por dia.

Na quarta-feira – um dia depois de ter entrado em greve de fome –, Tolokonnikova foi transferida para uma cela solitáriaSegundo a versão oficial, a transferência visou "proteger" a activista das ameaças de outras prisioneiras que ela própria denunciara.

  

 
 
 

Sugerir correcção
Comentar