Abdul-Rahman, o americano que encontrou o seu “lugar no mundo”

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Peter com o pai numa pescaria em 2011 REUTERS/Kassig Family

Peter Kassig, nascido há 26 anos no Indiana (EUA), passou a adolescência “à procura do seu lugar no mundo”, disseram os seus pais, Ed e Paula Kassig, numa declaração, já depois de ter sido tornado público o seu rapto pelos jihadistas do Estado Islâmico.

Foi essa busca que o levou a alistar-se no exército norte-americano para ir combater no Iraque, em 2007. E terá sido essa mesma busca (já homem, com um curso de Ciências Políticas a meio e um breve casamento seguido de divórcio no currículo), que o fez viajar para o Líbano em 2012.

Como assistente médico voluntário, Kassig começou por ajudar refugiados palestinianos e depois sírios e mais sírios que não paravam de chegar ao Líbano, em fuga da guerra. Numa entrevista à CNN ficamos a saber que o jovem do Indiana parecia ter descoberto o seu lugar no mundo: “Foi para fazer isto que me puseram aqui. É esta a minha vocação.”

Nesse mesmo ano, Kassig fundou uma organização não-governamental chamada Special Emergency Response and Assistance (Sera), dedicada a ajudar refugiados sírios. No Verão de 2013, a base operacional da Sera mudou-se do Líbano para Gaziantep, uma cidade turca junto à fronteira com a Síria. Ai Peter Kassig prestava cuidados médicos e distribuía comida e medicamentos nos campos de refugiados em ambos os lados da fronteira. Era uma pessoa “aberta, honesta, ligeiramente intensa, fascinada pela revolta síria”, recordou o jornalista da BBC, Paul Wood, que o entrevistou na altura.

Kassig estava a trabalhar com a Sera quando foi capturado no dia 1 de Outubro de 2013 quando viajava para Deir Ezzor, no leste da Síria.

A conversão ao islão foi consumada já em cativeiro, mas os pais de Peter dizem que “a viagem já tinha começado” no Verão de 2013, quando o filho cumpriu rigorosamente o mês de jejum do Ramadão. Depois, tendo como companheiro de cela “um muçulmano devoto” rebaptizou-se com Abdul-Rhaman e passou a rezar a Alá cinco vezes por dia.

Numa carta que escreveu aos pais, recebida a 2 de Junho, Abdul-Rhaman disse que tinha “bastante medo de morrer”, mas que o pior era “não saber se há ou pode haver alguma razão para ter esperança”.

“Rezo todos os dias e não estou zangado com a minha situação”. Palavra de Abdul-Rhaman.

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