“Os franceses vão continuar a cantar, a rir, a sair de casa”, promete Hollande

No Palácio Nacional dos Inválidos, o Presidente francês prometeu “dar tudo por tudo” para destruir o Daesh.

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Foi à França “de coração ferido” que François Hollande prometeu “dar tudo por tudo” para “destruir o exército de fanáticos que cometeram” o crime de 13 de Novembro. Nesta sexta-feira, na cerimónia de homenagem às 130 pessoas mortas e às 350 feridas pelo Daesh em Paris, o Presidente francês disse que os terroristas quiseram “matar a alegria”, mas “a França não vai mudar”.

A homenagem, que teve lugar no Palácio Nacional dos Inválidos, foi solene. No monumental pátio de honra, tornado ainda mais imponente com as bandeiras penduradas nas janelas, estiveram os familiares das vítimas e os feridos, também acompanhados. Esteve também o Governo e os seus convidados. A celebração oficial, 15 dias depois dos ataques, abriu com o hino francês. Depois, os cantores Nolwenn Leroy, Camelia Jordana e Yael Naim interpretaram Quand on a que l’amour, de Jacques Brel. Com a praça em absoluto silêncio, foram lidos os nomes dos que caíram pela liberdade — como disse Hollande — e, num grande écrã, passaram as suas fotografias. Lola, 17 anos, Elodie, 23 anos, Jean-Jacques, 68 anos... uns a rir, outros a beber cerveja, outros em férias.

“Sexta-feira 13 de Novembro é um dia que nunca esqueceremos, o coração de França foi ferido”, disse o Presidente. “Vamos combatê-los até ao fim e vamos vencer. Estamos unidos nos princípios mais básicos”, disse Hollande, que mencionou também os que, com flores, velas, bandeiras e peças de arte, saíram à rua logo depois do ataque para homenagearem as vítimas.

“O que querem os terroristas? Querem dividir-nos, querem incitar-nos uns contra os outros. Têm um culto de morte e nós temos amor, amor à vida”. A França, disse Hollande, “não vai mudar”. Os jihadistas quiseram matar a alegria aos franceses, explicou, mas os franceses vão continuar a cantar, a rir, a sair de casa. “A melhor resposta que temos para eles é multiplicarmo-nos em canções, em concertos, em espectáculos; continuaremos a ir aos estádios”.

Na homenagem que durou cerca de uma hora, Hollande foi o único orador e os 15 minutos do seu discurso foram sobretudo dirigidos “a uma geração” — a 13 de Novembro, morreu gente de muitas idades, mas a média (35 anos) e os locais escolhidos (uma sala de espectáculos, cafés e restaurantes de bairro) mostram que os extremistas quiseram sobretudo assassinar os mais jovens. Essa geração “ceifada” “tornou-se o rosto da França. (...) Essas mulheres e homens eram a juventude de França. Tinham muitas profissões, muitos talentos. A França não vai apenas recordar os seus rostos e os seus nomes, vai lembrar-se também das suas esperanças, sonhos e ambições”.

A história das vítimas do 13 de Novembro

O Presidente pediu ainda aos franceses para pendurarem nas janelas, nas fachadas, a bandeira tricolor — a AFP diz que, nesta sexta-feira, poucos o fizeram e explica que a França é um país reservado no que diz respeito a ostentar os símbolos nacionais, por isso poucos franceses têm bandeiras em casa.

O hino francês voltou a ser tocado e foi cantado pelas 2700 pessoas presentes nos Inválidos. O Presidente francês, ainda em cima do pequeno palco de onde homenageou “130 nomes, 130 vidas roubadas, 130 destinos ceifados, 130 risos que não se ouvirão mais, 130 vozes que nunca serão caladas”, ficou em silêncio, a olhar em frente.

Algumas famílias decidiram não assistir à cerimónia, diz a AFP. Uns acusam o Governo socialista de Hollande de não ter adoptado as medidas de segurança necessárias para prevenir novos atentados depois do ataque contra a redacção do jornal satírito Charlie Hebdo, em Janeiro. Outros acusam o socialista Hollande e Nicolas Sarkozy (direita, anterior Presidente) de serem co-responsáveis pelo ataque ao terem decidido intervir militarmente na Líbia e na Síria.

Eric Ouzounian, cuja filha de 17 anos, Lola, foi assassinada pelos terroristas na sala de concertos Bataclan, não esteve na cerimónia e escreveu uma carta aberta a explicar o motivo da sua decisão. “Considero que o Estado tem uma pesada responsabilidade no que se passou. A interferência da França nos assuntos internos de países soberanos foi feita com a justificação de que os líderes sírios e líbios estavam a massacrar os seus povos. (...) Como Saddam Hussein e Muammar Khadafi, Bashar al-Assad é um ditador sinistro da pior espécie. Mas não há líderes mais execráveis do que os que estão agora no poder no Qatar e na Arábia Saudita, com quem a França mantém excelentes relações diplomáticas e comerciais e que fundaram o Daesh [acrónimo árabe para o autodenominado Estado Islâmico]”.

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