A falsa força de um intolerável desafio

A repetição das execuções pelos fanáticos do EI exige que lhe seja imposta uma derrota no terreno

O cenário é o mesmo, a fria crueldade também. O autodenominado Estado Islâmico (EI), que de estado nada tem, cumpriu ontem a promessa de executar mais um refém em seu poder. A encenação do crime é idêntica e o vídeo é praticamente uma cópia do primeiro onde foi registada a decapitação do jornalista norte-americano James Foley (de novo o fato laranja do executado, a lembrar Guantánamo e o deserto como cenário da execução). Desta vez, a vítima foi o também jornalista, e também norte-americano, Steven Sotloff, desaparecido há um ano quando fazia uma reportagem na Síria. O EI chamou a este seu novo crime “Segunda Mensagem à América”, em retaliação pelos ataques aéreos norte-americanos às suas posições no Iraque. E anuncia que uma nova execução pode estar para breve, na pessoa de um funcionário de uma agência humanitária. Como se percebe pelas demonstrações do EI, baseadas na difusão do terror, esta guerra é tudo menos “normal”. Onde os EUA e os seus aliados procuram estratégias segundo os cânones bélicos convencionais, impõe o EI uma lógica medieval, como se tivéssemos recuado no tempo, até à idade das trevas, onde as execuções, decapitações e assassinatos em massa eram moeda corrente entre adversários. O fanatismo do EI, assente no recrutamento de jovens radicais desejosos de violência e sem temor à morte (o seu comportamento não difere dos assassinos que tentam retomar o poder no Afeganistão e ali reinstalar o mais cerrado obscurantismo), é arrogante porque têm somado, estranhamente, vitórias. A repetição das execuções, usada como instrumento mediático, é não apenas uma mensagem para a América mas também para o mundo. No entanto, transmite uma imagem falsa: a de que a sua força é grande. É preciso, e rapidamente, infligir-lhe a derrota necessária, única forma de pôr fim aos seus crimes e reinstalar humanidade onde eles semearam o terror.

 
 

Sugerir correcção
Comentar