"Para onde foi a Europa humanista?", pergunta o Papa

Francisco deu uma lição aos líderes europeus que foram ao Vaticano entregar-lhe o Prémio Carlos Magno.

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Francisco e Angela Merkel no Vaticano Reuters

O Papa pediu esta sexta-feira aos europeus que "hoje, mais do que nunca, construam pontes e destruam muros", tal como fizeram os fundadores da União Europeia. "Os objectivos dos pais fundadores [da UE], arautos da paz e profetas do futuro, não estão ultrapassados", disse Francisco ao receber, no Vaticano, o prémio Carlos Magno.

Trata-se de uma distinção europeia a um cidadão que se tenha destacado pela sua contribuição para unidade europeia foi entregue anteriormente ao actual presidente do Parlamento Europeu, o alemão Martin Schulz.

O Papa pediu aos europeus para mudarem radicalmente de modelo, caminhando para uma Europa mais aberta e mais social, sublinhando que o modelo existente está a provocar problemas, como por exemplo o desemprego jovem.

"De que forma poderemos nós fazer com que esses jovens participem na construção quando os privamos do trabalho, não sabemos oferecer-lhes oportunidades e valores?", perguntou. Dirigindo-se directamente aos líderes que assistiram à entrega do prémio, disse-lhes para "construírem pontes e derrubarem os muros". A ouvir o Papa estavam a chanceler alemã Angela Merkel, os presidentes do Conselho Europeu, Donald Tusk, da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, do Parlamento Europeu, Martin Schulz, do Banco Central Europeu, Mario Draghi, a chefe da diplomacia de Bruxelas, Federica Mogherini e o rei de Espanha.

Fulcral para que lhe tivesse sido concedido este prémio foi o discurso que o Papa Francisco proferiu, em 2014, no Parlamento Europeu. Nele, criticou a Europa "em declínio, que está em vias de se entricheirar em vez de privilegiar as acções que promovem novos dinamismos na sociedade".

"Para onde foi, essa Europa humanista, paladina dos direitos humanos, da democracia e da liberdade?", perguntou Francisco. O Papa argentino criticou que a UE, neste momento da sua História, se limite a fazer "retoques cosméticos e compromissos raquíticos", nomeadamente no que diz respeito aos imigrantes e refugiados. O Papa deu o exemplo do que deve ser o comportamento europeu ao acolher, no Vaticano, 12 refugiados sírios.

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