A difícil integração da Crimeia na Rússia

Passar de um país para outro criou problemas que transtornam o dia-a-dia na península.

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Troca de matrícula na Crimeia Reuters

Um mês depois de ter sido anexada pela Rússia, a integração da Crimeia está a revelar-se mais complicada do que muitos dos seus habitantes esperavam quando em Março votaram no referendo organizado pelas autoridades locais.

“Vai demorar dois ou três anos para que este caos se resolva, mas até lá temos de continuar a viver”, queixou-se Vladimir Kazarin, professor na universidade local, ao enviado do The New York Times à península que, 60 anos depois de ter sido “doada” pela URSS à Ucrânia, regressou ao país a que a maioria dos habitantes sente como seu.

Só que a cisão com Kiev deu origem a um verdadeiro puzzle burocrático que entrava o dia-a-dia. As sucursais dos bancos ucranianos fecharam e são ainda poucos os bancos russos a operar na região, os processos nos tribunais foram suspensos enquanto decorre a adaptação à legislação russa e há milhares à espera para obter passaporte russo.

Nas escolas é previso alterar os currículos, o comércio faz-se ora em moeda russa, ora em moeda ucraniana e a taxa de câmbio é flutuante, conta o jornal norte-americano, acrescentando que muitas empresas estrangeiras fecharam portas e as mercadorias chegam sobretudo pelo ferry que liga a península ao Cáucaso russo.

As autoridades locais, que contam com a ajuda de burocratas enviados por Moscovo, consideram normais as dificuldades e contam já com os investimentos anunciados pela Rússia, incluindo os planos para transformar a região “numa meca do jogo”.

Mas há também quem se sinta intimidado pelas milícias de autodefesa que agora patrulham as ruas, detêm suspeitos e impõe a nova ordem. É o caso de Natalia Rudenko, directora da única escola ucraniana, que contou ter sido afastada depois de os milicianos terem aparecido a querer saber por que não estava o russo a ser usado nas salas de aula.

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