25 anos depois, Berlim protesta contra a demolição do muro

Quase 25 anos depois, o Muro de Berlim é novamente alvo de protestos. Mas desta vez ninguém o quer deitar abaixo, mas sim preservar o que resta dele.

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Os alemães saíram à rua para defender o Muro de Berlim Fabrizio Bensch/Reuters
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O muro é uma atracção turística em Berlim Fabrizio Bensch/Reuters

Berlim, na Alemanha, é uma cidade grande e está em constante crescimento. Pelo menos assim o justifica a construção de um novo condomínio de luxo. Mas a construção deste edifício está a chatear os berlinenses em particular e os alemães em geral. Tudo porque, para construir uma estrada de acesso ao suposto edifício e uma ponte pedonal sobre o rio Spree, o presidente da Câmara de Berlim, Klaus Wowereit, autorizou que a empresa responsável removesse uma parte do muro.

Mas os berlinenses não gostaram desta decisão e, no domingo, juntaram-se em defesa daquele pedaço de História. Os habituais turistas empunhando máquinas fotográficas e telemóveis deram lugar a milhares de manifestantes que queriam evitar a destruição do muro. “É um paradoxo, sim. Antes lutávamos para deitar abaixo o muro, agora lutamos para o manter”, dizia o artista Thierry Noir enquanto olhava para a secção que pintou.

Depois da demolição parcial do Muro de Berlim a 9 de Novembro de 1989, que dividia a Alemanha em duas, dezenas de artistas pintaram o que hoje se chama “East Side Gallery”, cerca de 1,3 quilómetros, com mensagens de liberdade e graffiti alusivos ao dia, e que é hoje o segundo monumento alemão mais visitado na cidade.

No muro lê-se “Mr. Wowereit, não deite este muro abaixo” – uma referência à frase que o Presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan disse ao líder soviético “Mr. Gorbachev, deite este muro abaixo”. Os cartazes empunhados pelos manifestantes também apresentavam mensagens parecidas: desde “História versus Capitalismo” a “A cultura já não tem valor?”.

O New York Times cita um activista de 50 anos que ajudou a organizar as manifestações: Robert Muschinski disse que o protesto serve “para deixar que as futuras gerações saibam como era a vida em partes desta cidade, e ao mesmo tempo relembrar-lhes a alegria que se sentiu com a reunificação [da cidade]”.

Os trabalhadores conseguiram remover 23 metros do muro antes de os manifestantes bloquearem o acesso com uma corrente humana e, por isso, na segunda-feira, o responsável pela construção do novo edifício suspendeu as novas remoções do muro até uma reunião com os principais intervenientes no projecto, a 18 de Março.

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