A matança continua

Dizem que não devemos ter medo. Que é isso que eles querem. Mas como é que podemos não ter medo? O medo é a única coisa que podemos ter.

Os assassinados e os feridos de Paris tiveram um medo de morte. É só por termos a sorte de não termos lá estado e estarmos vivos que vamos deixar de ter medo que amanhã seremos nós? É que ontem já poderíamos ter sido nós. Ter medo e pena e raiva e vontade de vingança é o mínimo de solidariedade que podemos sentir.

Que nos interessa o que querem os assassinos? Porque devemos fazer o contrário do que eles querem? É um acto de dependência tão servil e estúpido como fazer o que os assassinos querem.

Que nos interessam a nós os assassinos? O que nos interessa são os assassinados, as famílias, os amigos e todos os tempos e futuros que já não vão ter.

Não há nenhum problema político ou religioso. Esses são problemas que, entre nós, têm de estar sempre em discussão por ser perigoso resolvê-los.

O problema é um problema de segurança. O que aconteceu em Paris poderia ter acontecido em qualquer cidade dum país democrático. E voltará a acontecer, de outra forma, caso se mantenha o mesmo regime de deixar assassinar primeiro e fazer perguntas depois.

As várias polícias precisam de mais poderes. Os incómodos dos cidadãos que se lixem. Até porque terão de ser os próprios cidadãos a encorajar e a autorizar os políticos a deixarem-se de merdas e saírem do caminho, contra aqueles que nos querem assassinar. A todos.

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