Nações Unidas pedem 120 milhões de euros para travar cólera que já matou 800 pessoas no Haiti

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A cólera já se transformou num problema de "segurança nacional" THONY BELIZAIRE/afp

Metade dos dez departamentos do país afectada pela epidemia. Situação em Port-au-Prince preocupa devido às más condições sanitárias

As Nações Unidas temem não conseguir travar a epidemia e foi por isso que ontem pediram uma ajuda de emergência de 120 milhões de euros para combater a cólera que, segundo as últimas informações, já matou cerca de 800 pessoas no Haiti. "Precisamos desse dinheiro para evitar ser ultrapassados por esta epidemia", disse a porta-voz do gabinete de coordenação de assuntos humanitários, Elisabeth Byrs.

Os dados divulgados ontem pelo ministério haitiano da Saúde referem 796 mortes e mais de 12.300 hospitalizados. Na quinta-feira, um epidemiologista norte-americano que está no país, Ezra Bazilay, disse telefonicamente a participantes numa conferência no Mississípi, EUA, que os mortos eram já 800. "Não há camas nos hospitais. Estão completamente cheios", afirmou, citado pela Reuters.

Metade dos dez departamentos do país foi afectada pela epidemia declarada em meados de Outubro. O de Artibonite, no Norte, onde quinta-feira estavam já contabilizadas 497 mortes, é o mais atingido, segundo os dados oficiais divulgados pela AFP.

Apesar de até ontem o número de mortos em Port-au-Prince ser de 13, as organizações humanitárias estão preocupadas com a situação na capital, onde mais de um milhão de pessoas vivem em situações sanitárias precárias após o violento sismo que, em Janeiro, atingiu o país mais pobre do continente e provocou cerca de 300 mil mortos. "Receamos um surto, que seria importante, devido às condições nesses campos", disse à AFP Claude Suréna, presidente da Associação Médica Haitiana.

Especialistas ouvidos pela Reuters consideram que a epidemia se agravou devido ao furacão Tomas, que na semana passada provocou, pelo menos, 21 mortes e causou importantes inundações. O Governo admitiu que a cólera se transformou num problema de "segurança nacional".

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