Ex-Presidente de Israel condenado a sete anos de prisão

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Juízes disseram que testemunho de Katsav estava "cheio de mentiras" POOL/REUTERS

O antigo Presidente israelita Moshe Katsav foi ontem condenado a sete anos de prisão, depois de, em Dezembro passado, ter sido considerado culpado de dois crimes de violação e de mais crimes sexuais por um tribunal de Telavive. Katsav não será detido de imediato porque tem ainda 30 dias para recorrer da sentença, segundo a BBC.

"A 30 de Dezembro, o arguido foi acusado de cometer graves ofensas sexuais contra mulheres que eram suas subordinadas", disseram os juízes. "O crime de violação causa danos e destrói a alma de uma pessoa", continuaram. "O acusado cometeu o crime e, tal como qualquer outra pessoa, tem de pagar as consequências. Ninguém está acima da lei."

Ao ouvir a sentença, o antigo Presidente abraçou-se ao filho, começando a chorar, antes de se lançar em gritos contra o tribunal: "É tudo mentira! Deixaram as mentiras vencer!", conta o diário israelita Ha"aretz.

Katsav, de 65 anos, negou sempre as acusações, mas o seu testemunho, tinham considerado os juízes, estava "cheio de mentiras".

"Nunca antes um Presidente no mundo democrático foi considerado culpado de tais acções", tinha sublinhado, na altura da condenação, o Ha"aretz. Katsav "manchou a democracia israelita com vergonha". A condenação, como tinha sido antes o veredicto, expõe uma conduta criminosa do chefe de Estado, que é considerado a autoridade moral da nação.

A decisão do tribunal foi, por outro lado, elogiada pelo modo como as acusações de crimes sexuais foram levadas a sério (num país onde estas queixas continuam a ser tratadas com alguma leveza), e também por mostrar a imparcialidade da justiça perante uma figura poderosa.

O caso apreciado pelo tribunal dizia respeito à acusação de uma funcionária do Ministério do Turismo quando Katsav era ministro, que foi violada no gabinete do ministério, e mais tarde num hotel em Jerusalém. Outras duas mulheres fizeram acusações de outros crimes sexuais perpetrados já Katsav era Presidente, em 2003 e 2005.

Foi, aliás, uma das queixas de uma destas mulheres, uma funcionária da residência presidencial, que fez estourar o escândalo que acabou por levar à demissão de Katsav em 2007. As identidades das vítimas foram protegidas durante todo o processo judicial, que começou em 2009.

Katsav disse sempre que estava a ser alvo de uma "caça às bruxas" com motivos étnicos (o antigo Presidente nasceu no Irão e teve uma ascensão política rápida tendo em conta a sua origem - em Israel, por tradição, a elite é sobretudo formada por judeus de origem europeia). O seu percurso culminou com a eleição para Presidente contra o Nobel da Paz Shimon Peres, que acabou entretanto por ocupar o cargo de Presidente após a demissão de Katsav.

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