Hillary Clinton promete grande revisão da política externa de Bush

Na audiência no Senado para a sua confirmação, a secretária de Estado indigitada prometeu encarar "todas as opções" sobre o dossier iraniano

a A senadora de Nova Iorque, Hillary Clinton, indigitada pelo Presidente eleito e antigo rival político Barack Obama para o cargo de secretária de Estado, prometeu ontem "aplicar pressão" e "procurar oportunidades" na condução da agenda de política externa dos EUA - o que inclui, por exemplo, experimentar uma "nova e talvez diferente" abordagem no relacionamento com o Irão.Questionada pelos seus correligionários do Comité das relações Exteriores do Senado, na audiência de confirmação que prosseguia ontem à tarde, Clinton disse que a futura Administração Obama está interessada em "manter todas as opções em cima da mesa" no que diz respeito ao dossier iraniano. "Aquilo que tentámos até agora não resultou", observou, garantindo uma revisão da política conduzida pelo actual Presidente George W. Bush.
Como explicou, o objectivo dos EUA é "fazer tudo o que for possível através da diplomacia e do uso de sanções" para evitar que Teerão adquira armas nucleares, algo que considerou" inaceitável". Pressionada para clarificar se favorece ou não a abertura de negociações directas com o regime islâmico, ou se defende o regresso de diplomatas americanos àquele país, Hillary admitiu que essas são algumas das questões que vão ser revistas. "Vamos encarar essas matérias com grande atenção e diligência", prometeu.
No seu depoimento inicial, Hillary apresentou as prioridades e objectivos da futura Administração não só em termos de diplomacia mas até de defesa, com especial atenção à guerra do Iraque, a "prioridade de topo", segundo garantiu. A futura secretária de Estado repetiu que a intenção é retirar as brigadas de combate norte-americanas das principais cidades iraquianas até Junho, e assegurou que todos os movimentos de tropas obedecerão ao acordo recentemente assinado pela Administração Bush e o governo iraquiano que prevê uma retirada até 2011.
Clinton referiu-se ainda aos problemas "aparentemente intratáveis" do Médio Oriente, sublinhando que apesar dos parcos resultados de anteriores administrações (incluindo do seu marido, Bill Clinton) em negociar a paz na região, não se pode "desistir". Para Hillary, a visão de uma coexistência pacífica entre dois Estados, Israel e Palestina, deve continuar a ser perseguida, com o reconhecimento do direito do Estado judaico em defender-se e com a garantia de independência, progresso económico e segurança dos palestinianos.
"Faremos todos os esforços para trabalhar com aqueles que procuram este resultado", disse.
A antiga primeira-dama beneficiou da boa vontade dos seus colegas senadores, que a receberam com elogios, mas nem por isso a audiência foi fácil. Clinton foi confrontada com algumas questões incómodas, particularmente sobre o possível conflito de interesses entre as suas acções no Departamento de Estado e o trabalho do seu marido Bill à frente da fundação que tem o seu nome - e cujo financiamento, até agora, foi garantido por inúmeros governos e grupos de interesse internacionais.
O senador republicano do Indiana, Richard Lugar, sugeriu uma série de "medidas de transparência" para certificar que as necessárias actividades de recolha de fundos da Fundação Clinton não beliscam a credibilidade de Hillary enquanto chefe da diplomacia americana.

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