Fidel Castro defende reformas económicas para corrigir erros do processo revolucionário

Líder da revolução cubana diz que já antevira as reformas agora defendidas pelo irmão Raúl

O ex-Presidente e líder da revolução cubana, Fidel Castro, defendeu a necessidade de reformas económicas, como aquelas apresentadas pelo seu irmão Raúl, para "rectificar erros" e manter o país no caminho revolucionário. "Dos muitos erros que cometemos, talvez o mais importante tenha sido acreditarmos que sabíamos como se constrói o socialismo", referiu.

Numa cerimónia de homenagem na Universidade de Havana, Fidel repetiu excertos de um discurso proferido no mesmo lugar há cinco anos e designado como "histórico", para vincar a ideia de que "o modelo socialista pode ser actualizado" e que a mudança é essencial para salvar a revolução.

"Seríamos idiotas se considerássemos que a economia é uma ciência exacta e eterna. Perderíamos toda a dialéctica se acreditássemos que a economia de hoje é como aquela de há 50 ou 100 anos ou igual à da época de Lenine ou Marx", observou.

Recordando as suas palavras de Novembro de 2005, Fidel salientou como as propostas de "racionalização dos salários, preços e pensões" ou de "subsídios apenas para aquilo que é essencial e vital", encaradas pelo Governo, já tinham sido antevistas por ele. "Até estou surpreendido com a validade das ideias que expressei. Tendo em conta que era um discurso voltado para o futuro, devo dizer que agora essas ideias parecem ainda mais válidas."

Já o seu irmão e Presidente, Raúl Castro, considerou que Cuba "não tem outra alternativa" que não abraçar as suas propostas de reforma económica que, garantiu num encontro com dirigentes do Partido Comunista Cubano, se baseiam nas ideias de Fidel.

Segundo o jornal Granma, órgão oficial do partido, Raúl esteve reunido com mais de 500 detentores de altos cargos políticos durante o fim-de-semana para lhes explicar em detalhe as mudanças que o seu Governo vai aplicar para combater a profunda crise financeira e abrir mais a economia à iniciativa privada.

O Governo quer diminuir o peso do Estado na economia pelo despedimento de 500 mil funcionários públicos, a reconversão de empresas comerciais estatais, como padarias, para cooperativas de trabalhadores e a revisão dos subsídios pagos pelo Governo.

As intervenções dos dois irmãos destinavam-se a controlar a ansiedade manifestada pelo sector mais ortodoxo do Partido Comunista Cubano, que argumentou que as reformas para salvar o país da crise representam uma viragem para o sistema capitalista.

No seu discurso aos estudantes, Fidel não deixou de identificar uma série de ameaças à revolução: "Fenómenos como as alterações climáticas, a crise económica, os perigos da guerra e a derivação do poder imperial para o fascismo".

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