Conservadores recorrem do Estatuto da Catalunha

Os populares acusam o texto referendado de incompatibilidades com os fundamentos do Estado espanhol

Os conservadores do Partido Popular (PP) confirmaram, ontem, que vão recorrer ao Tribunal Constitucional contra o Estatuto da Catalunha referendado no domingo. Os autores do recurso, que será apresentado antes do Verão, afirmam que o novo texto contém inconstitucionalidades e aponta para um Estado confederal ao arrepio da Constituição de Espanha. "Vamos pedir a paralisação deste processo de reformas estatutárias, feito com precipitação, para que não seja aprovada mais nenhuma reforma sem o necessário consenso", disse Josep Pique, presidente do PP da Catalunha.
Quer na aprovação no Parlamento de Barcelona bem como na tramitação pelas Cortes madrilenas, os populares ficaram sozinhos. Já no referendo do domingo o "não" que propuseram foi apoiado pelos independentistas da Esquerda Republicana da Catalunha, que consideravam o novo texto menos ambicioso do que fora aprovado no hemiciclo catalão.
"Rodríguez Zapatero continua a teimar no erro mais grave que poderia ter cometido", disse o líder do PP, Mariano Rajoy, referindo-se ao contentamento evidenciado pelo presidente do Governo de Espanha após o escrutínio do referendo. "Afinal, o projecto estrela de Zapatero recebeu um duro golpe da sociedade catalã", sublinhou Rajoy, comentando a abstenção de cerca de metade dos eleitores da Catalunha.
"O PP pretende que os 500 mil votos a favor do "não" valham mais que dois milhões de votos, mas a democracia rege-se pela maioria dos votos", respondeu, ontem, José Blanco, secretário-geral da organização do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE). Na ressaca do referendo, o PSOE considera que Mariano Rajoy cometeu uma grave "derrapagem" ao propor que "uma lei aprovada pelas Cortes e sancionada pelos cidadãos não entre em vigor". O que, disse Blanco, "só pode ser pedido por um dirigente autoritário".
"O único perdedor de domingo foi o PP e a sua estratégia de crispação e confronto entre espanhóis e territórios", sentenciou o dirigente socialista.

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