Religião

"Ser mórmon é uma condição de vida"

Na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (SUD), em Agualva-Cacém, duas missionárias conversam com um homem no meio do corredor. Há uns dias, encontraram-no no comboio e convidaram-no a visitar a igreja. Sister de Souza e Sister Anderson têm 24 e 21 anos respectivamente e há mais de um ano que vivem em Portugal, onde durante 18 meses procuram voluntariamente espalhar a mensagem de Deus e encontrar novos membros para a Igreja. Na identificação que seguram ao peito, lê-se apenas a palavra "Irmã" em inglês e os seus apelidos. "Quando entramos para aqui esquecemo-nos de nós próprios e começamos a representar Jesus Cristo e a nossa família", diz a jovem brasileira, Sister de Souza. "A minha missão está a acabar mas eu sei que vou continuar a ser missionária, não com esta plaqueta, mas vou continuar a ajudar as pessoas através da minha forma de vida e do meu testemunho". 

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, mais conhecida por Igreja Mórmon, é a que mais cresceu no mundo. Em Portugal, recebe cerca de mil novos membros por ano e no total conta com 43 mil membros. De acordo com Elder Joaquim Moreira, responsável eclesiástico pela Igreja em Portugal e Cabo Verde, o crescimento deve-se ao trabalho de membros e missionários, mas essencialmente ao facto de ser uma das instituições cristãs mais conservadoras, onde “as pessoas vêem que há uma continuidade e são felizes com os princípios que vivem”.

Elder Joaquim Moreira conheceu a religião mórmon quando tinha 16 anos. Após conversar com duas missionárias e ter feito uma oração, acabou por se juntar ao irmão, iniciando o processo de ensino para se tornar membro da Igreja. “Depois da oração, senti o corpo mais leve, parecia que estava a voar”, conta. Há quatro anos, assumiu as funções de Setenta de Área, integrando a 3.ª hierarquia da Igreja.

Segundo Elder Joaquim Moreira, a SUD difere das restantes Igrejas cristãs - católica, evangélica e protestante - em algumas práticas mas essencialmente na doutrina. Para os mórmones, a trindade consiste em três identidades distintas – Deus, Jesus Cristo e o Espírito Santo – ao contrário das outras Igrejas que entendem a trindade como um só Deus. Na capela não há imagens de santos nem de crucifixos, apenas uma pintura de Jesus Cristo emoldurada no corredor. “Nós queremos acreditar num Cristo vivo, que venceu a cruz”, disse Elder Joaquim Moreira. “Queremos adorá-lo como alguém vivo e não morto”, acrescentou.