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Orlando está de luto e zangada

Ao mesmo tempo que as autoridades começam a reconstituir as movimentações e a desenrolar o novelo que explicará as motivações de Omar Mateen, o auto-proclamado jihadista que atacou a discoteca Pulse durante a madrugada de domingo, os habitantes da de Orlando e de várias outras cidades da Florida e dos Estados Unidos reúnem-se em vigílias em homenagem às suas 49 vítimas.

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Ao mesmo tempo que as autoridades começam a reconstituir as movimentações e a desenrolar o novelo que explicará as motivações de Omar Mateen, o auto-proclamado jihadista que atacou a discoteca Pulse durante a madrugada de domingo, os habitantes de Orlando e de outras cidades da Florida e dos Estados Unidos reúnem-se em vigílias em homenagem às 49 vítimas mortais.

Internadas no hospital, em risco de vida, estão seis pessoas que foram atingidas a tiro. “É muito possível que o número de mortos venha a aumentar” tendo em conta a gravidade dos ferimentos, observou o cirurgião Michael Cheatham. Além destes, existem mais 47 feridos entre os clientes da discoteca, um estabelecimento muito procurado pela comunidade LGBT de Orlando.

Um dos sobreviventes do ataque, Angel Colon, falou à imprensa no hospital e contou como Mateen disparou repetidamente sobre cada uma das suas vítimas, descarregando vários tiros sobre uma rapariga que jazia morta ao seu lado. Atingido na anca, na mão e numa perna, Angel pensou que ia morrer quando o atirador apontou a arma à sua cabeça – mas o tiro acabou por não acertar.

“Uma pessoa tem de ter mais do que sangue frio para fazer uma coisa dessas. Tem de ser cruel, desumano e implacável: não consigo perceber como se pode fazer uma coisa dessas”, afirmou.

A mesma incompreensão foi repetida por muitos dos participantes numa vigília organizada em frente do Dr. Phillips Center, um centro de artes performativas na cidade de Orlando, e em cujo relvado se improvisou um memorial às vítimas do ataque de domingo com velas, flores, balões, peluches e centenas de mensagens de solidariedade.

“Estamos de luto, e estamos zangados. Por razões que não conseguimos entender, a nossa cidade e o nosso modo de vida foram atacados por alguém que, propositadamente, quis atingir os homens e mulheres da nossa comunidade gay – os nossos vizinhos, os nossos entes queridos. Por alguém que matou os nossos filhos e filhas, e acabou com os sonhos e as promessas de tantos jovens que seriam o futuro da nossa cidade”, evocou o presidente da câmara de Orlando, Buddy Dyer.

Em declarações à cadeia CBS, Cathleen Daus, que trabalhou na discoteca Pulse há mais de 15 anos, assinalou a importância daquele lugar para a comunidade homossexual da cidade, sublinhando que nessa altura “era o único lugar onde uma pessoa de 20 anos, que não fosse abertamente gay, podia sentir-se bem acolhida e totalmente segura”. “Foi a frequência do Pulse que me deu confiança e que me fez perceber que eu era uma pessoa normal, tão normal como todas as outras à minha volta”, lembrou.

O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que viajará para Orlando esta quinta-feira, enviou uma mensagem aos familiares e amigos de todas as vítimas do ataque, à comunidade LGBT e a todos aqueles que se recolheram em solidariedade: “Nenhum de vocês está sozinho. Todo o povo americano, todos os nossos amigos e aliados, por todo o mundo, estão do vosso lado”.

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