Arquitectura

Um passeio nocturno pelo prado dos mortos

Paulo Pimenta/PÚBLICO
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Mal se entra no Prado do Repouso, no Porto, há um corredor em linha recta, ladeado por velas que iluminam o caminho para o ponto de encontro da visita nocturna ao primeiro cemitério público do Porto, que decorreu no último sábado. São cerca de uma centena de pessoas que lá estão para, com a ajuda do historiador Franciso Queiroz, convidado no âmbito do evento Open House Porto, que decorreu este fim-de-semana, conhecerem alguns momentos da história do cemitério romântico que abriu portas em 1839.

Lanternas em punho visitaram-se as últimas moradas de anónimos e figuras da cidade, que em muitos dos casos, através dos jazigos que ostentam, espelham a opulência em que viviam ou a relevância social que tinham na época. São autênticos monumentos neogóticos e modernos, em mármore e em granito, mandados construir por gente da cidade e por alguns brasileiros “torna-viagem” que se certificaram que antes de morrer deixariam em testamento essa última vontade. “Seja construída um jazigo que não custe menos do que dois contos de rei”, deixou em testamento um desses “torna-viagem” anónimo, conta o historiador, que sublinha que esse valor, no século XIX, seria o suficiente para comprar uma casa.

Estão lá também sepultadas algumas figuras ilustres do Porto como Francisco de Almada Mendonça, provedor entre 1794 e 1804, cujos restos mortais foram transladados da capela-mor da Igreja da Misericórdia do Porto para o novo cemitério no dia da inauguração. Também lá estão os restos mortais do célebre alfaiate António Pereira Baquet, que em 1858 construiu na Rua de Santo António, actualmente 31 de Janeiro, o Teatro Baquet, que em 1888 ficou completamente destruído num incêndio. Conta Francisco Queiroz que no mesmo jazigo estão sepultados a esposa de Baquet e o homem com quem casou depois do alfaiate morrer.

Havia quem comentasse que era a primeira vez que entrava num cemitério à noite. Não é hábito por cá, mas diz o historiador que em Paris, 30 anos antes do Prado do Repouso abrir, já o cemitério do Père-Lachaise, aberto em Paris desde 1804, era visitado pelos parisienses.

André Vieira

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