Podemos, ou sabemos, aproveitar as oportunidades que nos surgem ao longo da vida? Fazer escolhas depende apenas de nós? No fundo, somos donos do nosso próprio destino? São perguntas como estas que gravitam em torno de Nozes a quem não tem dentes, a mais recente criação da companhia portuense Erva Daninha. Sob uma perspectiva icónica, mas simultaneamente irónica, o espectáculo explora a ideia de que a nossa acção na sociedade está sujeita a conflitos, ou manipulações, que nos fixam a determinados estatutos sociais. Acesso e poder são, portanto, determinados pela posição que ocupamos no mundo. E, por vezes, encontramo-nos em mundos a que não pertencemos. Tal como nos diz a sabedoria popular, a noz é por vezes dada a quem não tem dentes. Um provérbio que ilustra tudo isto: a ideia de que existem oportunidades que não podem ser aproveitadas por pessoas que não estejam habilitadas para tal.

Através das técnicas do novo circo, estabelecidas pela comunicação do corpo e do seu movimento, o espectáculo transporta-nos para este universo. Nozes a quem não tem dentes está em cena esta sexta-feira e sábado, dias 6 e 7 de Novembro, às 21h30, no Teatro Municipal Campo Alegre, no Porto.

Texto de Hugo Morgadinho editado por Sérgio C. Andrade