Prisões

Dançar, cantar, tocar e representar atrás das grades

Os reclusos foram escolhidos a dedo: jovens, baixos níveis de escolaridade, que não estavam a estudar, nem a trabalhar. Objectivo: desenvolver a disponibilidade para ouvir os outros, a capacidade para trabalhar em grupo, para criar. Ferramentas: circo, música,  teatro/performance, dança.

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Os reclusos foram escolhidos a dedo: jovens, baixos níveis de escolaridade, que não estavam a estudar, nem a trabalhar. Objectivo: desenvolver a disponibilidade para ouvir os outros, a capacidade para trabalhar em grupo, para criar. Ferramentas: circo, música,  teatro/performance, dança.

A PELE – Espaço de Contacto Social e Cultural habituou-se a desafiar alguém de fora a documentar o processo criativo. Desta fez, desafiou Paulo Pimenta, fotojornalista do PÚBLICO, a fotografar e Patrícia Poção a fazer um registo vídeo. A exposição está patente na Espaço Mira, no Porto, até 2 de Abril e o documentário há-de ser exibido no mesmo lugar a 31 de Março.

Paulo Pimenta andou 13 meses deliciado a captar aquelas andanças para lá dos muros de quatro estabelecimentos prisionais – Vale do Sousa, Porto, Santa Cruz do Bispo masculino, Santa Cruz do Bispo feminino. Viu como cada um estava virado para dentro de si próprio e como muitos deles se foram abrindo. “Do nada se cria uma peça de dança, de teatro, de música”, diz.

Não foi bem um espectáculo que se viu no fecho do projecto, na tarde do sábado, 19 de Março, no salão de visitas do Estabelecimento Prisional do Porto. Foram os exercícios finais das últimas oficinas de teatro, música, dança e artes circenses, no âmbito de um processo de certificação e validação de competências pessoais e sociais, salienta a coordenadora do projecto, Maria João Mota.

O projecto, intitulado ECOAR (Empregabilidade, Competência e Artes), resulta do que a PELE aprendeu num projecto que desenvolveu em 2012, o “Inesquecível Emília”, com 15 mulheres do Estabelecimento Prisional Especial de Santa Cruz do Bispo: a criação artística como forma de desenvolver “comunicação eficaz, relações interpessoais, gestão de tarefas”, isto é, de abrir portas para o mercado de trabalho. Já há quem já tenha regressado à escola e quem esteja a criar grupos de teatro e de música.

Maria João Mota não estava a contar com uma exposição fotográfica. Paulo Pimenta não resistiu: “Acho mágico transpor o muro, trazer esta experiência cá para fora”, remata Paulo Pimenta.