Síria

O retrato de uma família na Síria

Shahrour tem 54 anos e sofre de diabetes. Após a guerra, teve de amputar um pé, perdeu a visão no olho direito e deixou de trabalhar. Vive com a mulher, filhos e netos, sem meios para sair da Síria nem para lá ficar.

Reuters/Bassam Khabieh
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Shahrour, um homem de 54 anos, rasga as almofadas velhas e recolhe o algodão para colocar na lareira. Não tem dinheiro para comprar lenha. Na sua casa vivem mais 17 pessoas: a mulher, a filha mais nova, quatro filhos, quatro noras e sete netos.

Antes do conflito na Síria, Shahrour trabalhava como condutor e sustentava a família. Há cinco anos, desenvolveu diabetes. Com o início da guerra, vários alimentos e medicamentos tornaram-se raros e difíceis de encontrar. A insulina foi um deles. O estado de saúde de Shahrour piorou e foi obrigado a amputar um pé. Deixou de poder trabalhar e mais tarde sofreu um AVC, acabando por perder a visão do olho direito.

Shahrour já não consegue sustentar a família. Sentado ao pé da lareira pensa em sair da Síria. Mas não tem o dinheiro necessário para a viagem e acredita que a situação não está melhor lá fora. Só lhes resta esperar.

Hadeel tem 10 anos e quando chega a casa vem a correr para os braços do pai, sentado na cadeira de rodas. Shahrour tem ainda mais duas filhas, já casadas e com casa própria. Há dias, uma delas foi para o hospital. Estava grávida e precisava de um medicamento que estava esgotado no hospital. Shahrour e Hadeel foram para a rua pedir dinheiro a quem passava para pagar a receita médica. Muitas pessoas pararam e perguntaram o que é que se passava, mas não tinham dinheiro para dar. No fim, um homem ofereceu-se para pagar a receita médica.

Todos os dias, os quatro filhos de Shahrour procuram trabalho e vivem do que aparece. Quando não encontram nada, já não conseguem alimentar os filhos no dia seguinte.

Hadeel continua a ir à escola apesar dos bombardeamentos. Gostava de ser professora quando crescesse. Quando vem da escola, corre para ao pé do pai e beija-lhe as mãos. Shahrour já lhe prometeu que quando tiver dinheiro irá comprar-lhe canetas coloridas.

Reuters/Bassam Khabieh
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