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O aço feito de lágrimas

O livro Carvão de Aço, com fotografias de Adriano Miranda, foi apresentado neste 1.º de Maio, Dia do Trabalhador, em Pedorido, Castelo de Paiva. A obra é o regresso, em forma de livro, do fotojornalista às minas do Pejão, um trabalho que começou há um quarto de século, no fundo dos túneis. O lançamento aconteceu nas próprias minas.

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O livro Carvão de Aço, com fotografias de Adriano Miranda, foi apresentado neste 1.º de Maio, Dia do Trabalhador, em Pedorido, Castelo de Paiva. A obra é o regresso, em forma de livro, do fotojornalista às minas do Pejão, um trabalho que começou há um quarto de século, no fundo dos túneis. O lançamento aconteceu nas próprias minas.

O Adriano tinha avisado que, provavelmente, ia chorar. Era muita emoção e nem sequer sonhava que o Poço 1 de Germunde, nas antigas minas do Pejão, ia estar a transbordar.

Mas as lágrimas do Adriano não estiveram sozinhas.

Estavam na voz do jornalista Miguel Carvalho, da revista Visão, que lembrou a importância da fotografia na preservação da memória, durante a apresentação do livro Carvão de Aço, neste 1.º de Maio, nas antigas minas, em Pedorido, Castelo de Paiva.

Estavam nos olhos da mãe do Adriano Miranda, a D. Emília, que ainda não se tinha visto numa das últimas páginas daquele álbum negro, que recupera as fotografias feitas pelo filho há 25 anos, quando ainda era um jovem estudante.

Estavam, mais ou menos envergonhadas, nos olhos de tantos outros que ali estavam a recordar o tempo em que aquele ainda era um local de trabalho – os mineiros a quem o livro, numa iniciativa da Câmara de Castelo de Paiva, foi oferecido – ou se sentiam, simplesmente, felizes, com a felicidade do Adriano, fotojornalista do PÚBLICO.

Foi uma festa bonita, cheia de emoção e muitas palmas – e não só quando o Adriano Miranda informou o presidente da câmara local, Gonçalo Rocha, que doava os direitos de autor de todas aquelas imagens inesquecíveis, ao concelho, para que, talvez um dia, as minas do Pejão deixem de ser mais do que uma memória e possam voltar a ser um local de gente a fervilhar de vida e trabalho.

Para já, fica a homenagem. As lágrimas alegres e a memória de um local onde homens duros como o aço viviam os dias no escuro, sem saber se voltariam a ver a luz do sol, mas com sorrisos esperançosos a cada regresso.

O Adriano estava lá para os imortalizar. E agora, como ele disse, cada antigo mineiro do Pejão pode guardar essas imagens não só num local recôndito da sua memória, mas numa obra concreta mesmo à mão de semear, ali, no topo da mesinha-de-cabeceira, dentro daquele livro feito de negro e luz. Patrícia Carvalho