I Guerra Mundial

I Grande Guerra

Contingente do Exército português durante uma parada de vitória no Rossio, em Lisboa, finais de 1918. Mal se soube que a paz tinha sido alcançada “a alegria foi imensa, encheram-se as ruas da capital, esgotaram-se os jornais, embandeiraram-se as casas”. Um dia depois do anúncio do Armistício, formou-se um cortejo em Lisboa que foi saudar as delegações diplomáticas dos países aliados. Em Belém, Sidónio Pais fez um discurso elogiando o soldado português e leu uma mensagem do rei de Inglaterra que agradecia o esforço bélico de Portugal na vitória. Certo é que o golpe de Sidónio, a 5 de Dezembro de 1917, é apontado como uma das causas da desmoralização do CEP no campo de batalha, abandonado à sua sorte, depois da humilhante derrota em La Lys. Esse desprezo do sidonismo pelo desempenho do CEP em França é, aliás, apontado como uma das razões que levou José Júlio da Costa, combatente em Timor e África, a assassinar Sidónio Pais, a 14 de Dezembro de 1918.

Envio de tropas expedicionárias para Moçambique, no cais de Santa Apolónia, em 11 de Setembro de 1914. A participação (não declarada) de Portugal na Grande Guerra começou de maneira prudente com o destacamento de tropas para Angola, embarcadas no Moçambique, entre outros navios, e para Moçambique a bordo do navio britânico Durham Castle Anselmo Franco/Arquivo Municipal de Lisboa
Fotogaleria
Envio de tropas expedicionárias para Moçambique, no cais de Santa Apolónia, em 11 de Setembro de 1914. A participação (não declarada) de Portugal na Grande Guerra começou de maneira prudente com o destacamento de tropas para Angola, embarcadas no Moçambique, entre outros navios, e para Moçambique a bordo do navio britânico Durham Castle Anselmo Franco/Arquivo Municipal de Lisboa

Contingente do Exército português durante uma parada de vitória no Rossio, em Lisboa, finais de 1918. Mal se soube que a paz tinha sido alcançada “a alegria foi imensa, encheram-se as ruas da capital, esgotaram-se os jornais, embandeiraram-se as casas”. Um dia depois do anúncio do Armistício, formou-se um cortejo em Lisboa que foi saudar as delegações diplomáticas dos países aliados. Em Belém, Sidónio Pais fez um discurso elogiando o soldado português e leu uma mensagem do rei de Inglaterra que agradecia o esforço bélico de Portugal na vitória. Certo é que o golpe de Sidónio, a 5 de Dezembro de 1917, é apontado como uma das causas da desmoralização do CEP no campo de batalha, abandonado à sua sorte, depois da humilhante derrota em La Lys. Esse desprezo do sidonismo pelo desempenho do CEP em França é, aliás, apontado como uma das razões que levou José Júlio da Costa, combatente em Timor e África, a assassinar Sidónio Pais, a 14 de Dezembro de 1918.

Contingente do Exército português durante uma parada de vitória no Rossio, em Lisboa, finais de 1918. Mal se soube que a paz tinha sido alcançada “a alegria foi imensa, encheram-se as ruas da capital, esgotaram-se os jornais, embandeiraram-se as casas”. Um dia depois do anúncio do Armistício, formou-se um cortejo em Lisboa que foi saudar as delegações diplomáticas dos países aliados. Em Belém, Sidónio Pais fez um discurso elogiando o soldado português e leu uma mensagem do rei de Inglaterra que agradecia o esforço bélico de Portugal na vitória. Certo é que o golpe de Sidónio, a 5 de Dezembro de 1917, é apontado como uma das causas da desmoralização do CEP no campo de batalha, abandonado à sua sorte, depois da humilhante derrota em La Lys. Esse desprezo do sidonismo pelo desempenho do CEP em França é, aliás, apontado como uma das razões que levou José Júlio da Costa, combatente em Timor e África, a assassinar Sidónio Pais, a 14 de Dezembro de 1918.
Contingente do Exército português durante uma parada de vitória no Rossio, em Lisboa, finais de 1918. Mal se soube que a paz tinha sido alcançada “a alegria foi imensa, encheram-se as ruas da capital, esgotaram-se os jornais, embandeiraram-se as casas”. Um dia depois do anúncio do Armistício, formou-se um cortejo em Lisboa que foi saudar as delegações diplomáticas dos países aliados. Em Belém, Sidónio Pais fez um discurso elogiando o soldado português e leu uma mensagem do rei de Inglaterra que agradecia o esforço bélico de Portugal na vitória. Certo é que o golpe de Sidónio, a 5 de Dezembro de 1917, é apontado como uma das causas da desmoralização do CEP no campo de batalha, abandonado à sua sorte, depois da humilhante derrota em La Lys. Esse desprezo do sidonismo pelo desempenho do CEP em França é, aliás, apontado como uma das razões que levou José Júlio da Costa, combatente em Timor e África, a assassinar Sidónio Pais, a 14 de Dezembro de 1918. Anselmo Franco/Arquivo Municipal de Lisboa
O anúncio da assinatura do Armistício chegou no dia 11 de Novembro de 1918, mas o regresso das tropas do Corpo Expedicionário Português, só começou a fazer-se em Março do ano seguinte. Mais de quatro anos de guerra deixaram um rasto de destruição e morte em vários continentes. Dos 65 milhões de homens mobilizados para a contenda, perto de 9 milhões perderam a vida. Cerca de 29 milhões regressaram feridos. Depois do assassinato de Sidónio Pais, em Dezembro de 1918, e da revolta monárquica do Norte, em Janeiro 1919, os militares do CEP encontraram um país mergulhado numa profunda crise política. Foi um regresso pouco entusiástico (“quase às escondidas”). Estima-se que tenham morrido 7760 soldados portugueses na Grande Guerra, a grande maioria dos quais em Moçambique (4811). Nesta fotografia, um soldado recém-desembarcado em Lisboa carrega um cão ao colo. Alguns oficiais foram autorizados a levar animais de estimação para a guerra.
O anúncio da assinatura do Armistício chegou no dia 11 de Novembro de 1918, mas o regresso das tropas do Corpo Expedicionário Português, só começou a fazer-se em Março do ano seguinte. Mais de quatro anos de guerra deixaram um rasto de destruição e morte em vários continentes. Dos 65 milhões de homens mobilizados para a contenda, perto de 9 milhões perderam a vida. Cerca de 29 milhões regressaram feridos. Depois do assassinato de Sidónio Pais, em Dezembro de 1918, e da revolta monárquica do Norte, em Janeiro 1919, os militares do CEP encontraram um país mergulhado numa profunda crise política. Foi um regresso pouco entusiástico (“quase às escondidas”). Estima-se que tenham morrido 7760 soldados portugueses na Grande Guerra, a grande maioria dos quais em Moçambique (4811). Nesta fotografia, um soldado recém-desembarcado em Lisboa carrega um cão ao colo. Alguns oficiais foram autorizados a levar animais de estimação para a guerra. Fotógrafo não identificado/Arquivo Municipal de Lisboa
Este grupo de prisioneiros Aliados representa oito nacionalidades. Não é difícil encontrar o soldado do Corpo Expedicionário Português. Olhe bem para a fotografia. Já o descobriu? Sim, é esse mesmo: o de ar gingão e bigode arrebitado. Os outros são (da esquerda para a direita): vietnamita, tunisino, senegalês, sudanês, russo, americano e inglês. O número de prisioneiros portugueses na Frente Ocidental foi elevado e, em proporção, foi comparável ao esforço de outras nações. A esmagadora maioria de baixas deste tipo no CEP aconteceu em menos de 24 horas e resultou da batalha de La Lys, que começou a travar-se a 9 de Abril de 1918. As informações sobre o cativeiro dos soldados do CEP na Alemanha são escassas. Mas sabe-se com rigor o número de militares que foram entregues pela Alemanha a Portugal no fim da guerra: 6 767. A somar a este número, contam-se 233 soldados que morreram durante o cativeiro. O número final é redondo: 7000. Mas harmonia é coisa que a guerra não tem.
Este grupo de prisioneiros Aliados representa oito nacionalidades. Não é difícil encontrar o soldado do Corpo Expedicionário Português. Olhe bem para a fotografia. Já o descobriu? Sim, é esse mesmo: o de ar gingão e bigode arrebitado. Os outros são (da esquerda para a direita): vietnamita, tunisino, senegalês, sudanês, russo, americano e inglês. O número de prisioneiros portugueses na Frente Ocidental foi elevado e, em proporção, foi comparável ao esforço de outras nações. A esmagadora maioria de baixas deste tipo no CEP aconteceu em menos de 24 horas e resultou da batalha de La Lys, que começou a travar-se a 9 de Abril de 1918. As informações sobre o cativeiro dos soldados do CEP na Alemanha são escassas. Mas sabe-se com rigor o número de militares que foram entregues pela Alemanha a Portugal no fim da guerra: 6 767. A somar a este número, contam-se 233 soldados que morreram durante o cativeiro. O número final é redondo: 7000. Mas harmonia é coisa que a guerra não tem. National Archive/Official German Photograph of WWI
As trincheiras são uma imagem de marca da I Guerra Mundial. As linhas contínuas que se abriram durante o conflito formaram uma verdadeira fronteira de guerra e levaram ao reconhecimento da superioridade do poder do fogo sobre o do movimento. O quotidiano nestes buracos cavados na terra era penoso, especialmente durante os invernos chuvosos. Os alagamentos pioravam as condições sanitárias e as doenças que se contraiam nas trincheiras provocaram muitas baixas dos dois lados. À excepção de ataques planeados, a rotina das trincheiras só era quebrada pelos disparos ocasionais de atiradores especiais, pela aproximação de patrulhas de reconhecimento e pelos bombardeamentos. Nesta fotografia captada por um dos fotógrafos oficiais do Exército britânico, três atiradores do CEP alvejam o inimigo na zona de Festubert, França.
As trincheiras são uma imagem de marca da I Guerra Mundial. As linhas contínuas que se abriram durante o conflito formaram uma verdadeira fronteira de guerra e levaram ao reconhecimento da superioridade do poder do fogo sobre o do movimento. O quotidiano nestes buracos cavados na terra era penoso, especialmente durante os invernos chuvosos. Os alagamentos pioravam as condições sanitárias e as doenças que se contraiam nas trincheiras provocaram muitas baixas dos dois lados. À excepção de ataques planeados, a rotina das trincheiras só era quebrada pelos disparos ocasionais de atiradores especiais, pela aproximação de patrulhas de reconhecimento e pelos bombardeamentos. Nesta fotografia captada por um dos fotógrafos oficiais do Exército britânico, três atiradores do CEP alvejam o inimigo na zona de Festubert, França. Thomas Keith Aitken/Imperial War Museums
O apoio de saúde ao CEP em França foi instalado assim que os primeiros soldados começaram a chegar às trincheiras. Havia várias linhas de serviço (ao nível dos batalhões e ao nível das brigadas) e normalmente estas equipas médicas tinham de cumprir pelo menos seis dias na frente. Para além destes, foram instalados postos de saúde ao nível das aldeias, onde a permanência do pessoal era de 24 dias em serviço constante. O movimento dos feridos começava pelos postos de socorro avançado e ia recuando de acordo com a gravidade dos ferimentos. O transporte para os hospitais portugueses montados na retaguarda (em Hendaya, por exemplo) era garantido pelos britânicos.
O apoio de saúde ao CEP em França foi instalado assim que os primeiros soldados começaram a chegar às trincheiras. Havia várias linhas de serviço (ao nível dos batalhões e ao nível das brigadas) e normalmente estas equipas médicas tinham de cumprir pelo menos seis dias na frente. Para além destes, foram instalados postos de saúde ao nível das aldeias, onde a permanência do pessoal era de 24 dias em serviço constante. O movimento dos feridos começava pelos postos de socorro avançado e ia recuando de acordo com a gravidade dos ferimentos. O transporte para os hospitais portugueses montados na retaguarda (em Hendaya, por exemplo) era garantido pelos britânicos. Liga dos Combatentes
As guerras são travadas não apenas com as técnicas e tecnologias existentes antes do seu início, mas também com aquelas que se desenvolvem no seu desenrolar. A determinação para mobilizar recursos e energias para fins bélicos tem tendência para aumentar em tempos de grandes conflitos. O uso de gases químicos, por exemplo, foi uma novidade da I Guerra introduzida pelos alemães. Outras armas, como a metralhadora, já existiam, mas vieram a ter neste palco bélico o seu teste de qualidade definitivo. Em finais do séc. XIX, quer o aperfeiçoamento dos cartuchos metálicos quer a invenção do automatismo deram às metralhadoras maior precisão e cadências de tiro mais elevadas, transformando-as em temíveis máquinas de morte. No início do conflito, os exércitos Aliados não deram grande importância às metralhadoras, mas corrigiram o tiro a meio da guerra. Os ingleses passaram a usar a Vickers e os franceses a Hotch-kiss (os alemães usavam a norte-americana Maxim). Os militares portugueses usaram a Vickers e a metralhadora ligeira de tambor Lewis (na fotografia), alcunhada de “luisinha”.
As guerras são travadas não apenas com as técnicas e tecnologias existentes antes do seu início, mas também com aquelas que se desenvolvem no seu desenrolar. A determinação para mobilizar recursos e energias para fins bélicos tem tendência para aumentar em tempos de grandes conflitos. O uso de gases químicos, por exemplo, foi uma novidade da I Guerra introduzida pelos alemães. Outras armas, como a metralhadora, já existiam, mas vieram a ter neste palco bélico o seu teste de qualidade definitivo. Em finais do séc. XIX, quer o aperfeiçoamento dos cartuchos metálicos quer a invenção do automatismo deram às metralhadoras maior precisão e cadências de tiro mais elevadas, transformando-as em temíveis máquinas de morte. No início do conflito, os exércitos Aliados não deram grande importância às metralhadoras, mas corrigiram o tiro a meio da guerra. Os ingleses passaram a usar a Vickers e os franceses a Hotch-kiss (os alemães usavam a norte-americana Maxim). Os militares portugueses usaram a Vickers e a metralhadora ligeira de tambor Lewis (na fotografia), alcunhada de “luisinha”. Arnaldo Garcez/Liga dos Combatentes
Rotina das trincheiras, com os foguetes de iluminação preparados. Sobre o soldado português na frente de combate, escreve o general Gomes da Costa: “Devemos todos inclinar-nos cheios de respeito e cheios de admiração diante deste pobre ‘gambúzio’, que meteram num navio com uma arma às costas, sem lhe dizerem para onde ia; que colocaram numa trincheira diante do ‘boche’, sem lhe dizerem por que se batia; que passou meses queimado pelo sol do fogo, enregelado pela neve, atascado em lama, encharcado, tiritando com frio, encolhido num buraco enquanto as granadas lhe estoiram em redor; carregando à baioneta quando o ‘boche’ avança e que, com uma perna partida, ou o crânio amachucado por uma bala, estendido no catre da ambulância, ao ver-nos, tinha uma alegria imensa no olhar, murmurando: - O nosso giniral! Aí vem o nosso giniral! - Oh meu giniral, agora ganhei a Cruz de Guerra? Pois não?”
Rotina das trincheiras, com os foguetes de iluminação preparados. Sobre o soldado português na frente de combate, escreve o general Gomes da Costa: “Devemos todos inclinar-nos cheios de respeito e cheios de admiração diante deste pobre ‘gambúzio’, que meteram num navio com uma arma às costas, sem lhe dizerem para onde ia; que colocaram numa trincheira diante do ‘boche’, sem lhe dizerem por que se batia; que passou meses queimado pelo sol do fogo, enregelado pela neve, atascado em lama, encharcado, tiritando com frio, encolhido num buraco enquanto as granadas lhe estoiram em redor; carregando à baioneta quando o ‘boche’ avança e que, com uma perna partida, ou o crânio amachucado por uma bala, estendido no catre da ambulância, ao ver-nos, tinha uma alegria imensa no olhar, murmurando: - O nosso giniral! Aí vem o nosso giniral! - Oh meu giniral, agora ganhei a Cruz de Guerra? Pois não?” Arnaldo Garcez/Liga dos Combatentes
Arnaldo Garcez (1885-1964) foi o único repórter fotográfico contratado pelo Exército para registar a actividade do Corpo Expedicionário Português na Frente Ocidental. O ofício da sua integração nas operações do CEP especifica que devia ser o Estado Maior do Campo “a indicar” quais as imagens captadas. O legado visual de Garcez mostra, no entanto, que a sua acção na frente de combate foi muito além deste espartilho. O retrato do cabo “Sementes”, como era alcunhado, é uma das suas fotografias mais icónicas. Apesar de ter sido escolhida para a capa de um dos primeiros levantamentos visuais da participação portuguesa na I Guerra e de outras imagens da sua autoria terem enchido as páginas dessa obra (Portugal na Grande Guerra, general Ferreira Martins, 1934), não há qualquer referência ao seu nome.
Arnaldo Garcez (1885-1964) foi o único repórter fotográfico contratado pelo Exército para registar a actividade do Corpo Expedicionário Português na Frente Ocidental. O ofício da sua integração nas operações do CEP especifica que devia ser o Estado Maior do Campo “a indicar” quais as imagens captadas. O legado visual de Garcez mostra, no entanto, que a sua acção na frente de combate foi muito além deste espartilho. O retrato do cabo “Sementes”, como era alcunhado, é uma das suas fotografias mais icónicas. Apesar de ter sido escolhida para a capa de um dos primeiros levantamentos visuais da participação portuguesa na I Guerra e de outras imagens da sua autoria terem enchido as páginas dessa obra (Portugal na Grande Guerra, general Ferreira Martins, 1934), não há qualquer referência ao seu nome. Arnaldo Garcez/Liga dos Combatentes
Em ambiente de campanha as práticas de higiene são difíceis. Mas todos os exércitos tentam manter níveis mínimos de condições de vida quotidiana. Entre os soldados do CEP destacados nas trincheiras da Flandres francesa, o hábito do banho semanal foi-se impondo, embora com alguma relutância das praças (na época, o banho semanal era usado por uma pequena parte da média e alta burguesia). Depois do banho, os militares mudavam de roupa interior e exterior. Apenas um grupo reduzido de homens se barbeava todos os dias. O barbear só era obrigatório quando as unidades passavam para a situação de apoio ou de reserva. Em geral, os militares andavam muito sujos. Um dos principais incómodos da falta de higiene nas trincheiras era a praga de piolhos. Era praticamente impossível fugir-lhes.
Em ambiente de campanha as práticas de higiene são difíceis. Mas todos os exércitos tentam manter níveis mínimos de condições de vida quotidiana. Entre os soldados do CEP destacados nas trincheiras da Flandres francesa, o hábito do banho semanal foi-se impondo, embora com alguma relutância das praças (na época, o banho semanal era usado por uma pequena parte da média e alta burguesia). Depois do banho, os militares mudavam de roupa interior e exterior. Apenas um grupo reduzido de homens se barbeava todos os dias. O barbear só era obrigatório quando as unidades passavam para a situação de apoio ou de reserva. Em geral, os militares andavam muito sujos. Um dos principais incómodos da falta de higiene nas trincheiras era a praga de piolhos. Era praticamente impossível fugir-lhes. Arnaldo Garcez/Liga dos Combatentes
O Presidente da República português Bernardino Machado, o ministro Afonso Costa (que conjugava a pasta das Finanças com a do ministério da União Sagrada) e o Presidente francês Raymond Poincaré durante uma visita as ruínas de Verdun, Verdun-sur-Meuse, nordeste de França, palco de uma das mais mortíferas e destruidoras batalhas da Grande Guerra. Estimativas actuais elevam a 950 mil o número de mortos entre forças francesas e alemãs. A visita dos dignatários portugueses ao palco do conflito e às tropas do Corpo Expedicionário que nele lutavam fez-se entre 8 e 25 de Outubro, de 1917.
O Presidente da República português Bernardino Machado, o ministro Afonso Costa (que conjugava a pasta das Finanças com a do ministério da União Sagrada) e o Presidente francês Raymond Poincaré durante uma visita as ruínas de Verdun, Verdun-sur-Meuse, nordeste de França, palco de uma das mais mortíferas e destruidoras batalhas da Grande Guerra. Estimativas actuais elevam a 950 mil o número de mortos entre forças francesas e alemãs. A visita dos dignatários portugueses ao palco do conflito e às tropas do Corpo Expedicionário que nele lutavam fez-se entre 8 e 25 de Outubro, de 1917. Alberto Carlos Lima [18--]-1949/Arquivo Municipal de Lisboa
A Batalha de La Lys foi o último grande combate travado pelo Exército português. A sua grandeza resulta não só da quantidade de forças que se abateram sobre os soldados do CEP, como também da dimensão dos meios usados para quebrar de forma definitiva o já arrastado moral dos soldados que combatiam em França ao lado dos Aliados. Hoje, Portugal continua a assinalar publicamente esta data no Dia do Combatente. A batalha travada na região de Lille, entre Armentièries e Béthune, resultou no sacrifício de milhares de homens. As baixas estimam-se em cerca de 7.500 militares, entre mortos, feridos, desaparecidos e prisioneiros. Mais de um terço dos efectivos portugueses na Flandres. Paradoxalmente, em termos estratégicos, o calvário dos soldados do CEP em La Lys terá contribuído de forma significativa para o sucesso do esforço Aliado em contrariar a ofensiva alemã.
A Batalha de La Lys foi o último grande combate travado pelo Exército português. A sua grandeza resulta não só da quantidade de forças que se abateram sobre os soldados do CEP, como também da dimensão dos meios usados para quebrar de forma definitiva o já arrastado moral dos soldados que combatiam em França ao lado dos Aliados. Hoje, Portugal continua a assinalar publicamente esta data no Dia do Combatente. A batalha travada na região de Lille, entre Armentièries e Béthune, resultou no sacrifício de milhares de homens. As baixas estimam-se em cerca de 7.500 militares, entre mortos, feridos, desaparecidos e prisioneiros. Mais de um terço dos efectivos portugueses na Flandres. Paradoxalmente, em termos estratégicos, o calvário dos soldados do CEP em La Lys terá contribuído de forma significativa para o sucesso do esforço Aliado em contrariar a ofensiva alemã. Arnaldo Garcez/Liga dos Combatentes
A 1.ª Divisão do CEP foi a primeira a receber missões nas trincheiras entre as tropas portuguesas e a que mais tempo esteve na frente – em média, 7 meses e 4 dias. A substituição das brigadas fazia-se aleatoriamente em função do seu desgaste físico. Por só haver duas Divisões do Corpo Expedicionário Português, nenhuma delas pôde repousar completamente. A alternativa a esta situação de desgaste passava por substituir por inteiro os soldados do CEP nas linhas da frente trocando-os por soldados britânicos, solução que chegou a estar planeada para o dia 9 de Abril de 1918. Mas na madrugada deste dia os alemães derem início à maior ofensiva que jamais as tropas portuguesas suportaram em qualquer teatro de operações, naquela que ficou conhecida como a Batalha de La Lys e que resultou numa estrondosa derrota para o Exército Português. É sabido que um dos momentos de maior fragilidade das tropas em campanha é o da sua rendição por outras. Os soldados que partem, exaustos, começam a recolher material e armamento. Os que chegam demoraram a familiarizar-se com os novos postos. A agitação dá lugar à distracção. Foi no ponto em que se preparava para sair das trincheiras que a 2.ª Divisão do CEP foi surpreendida e teve de enfrentar o ataque alemão.
A 1.ª Divisão do CEP foi a primeira a receber missões nas trincheiras entre as tropas portuguesas e a que mais tempo esteve na frente – em média, 7 meses e 4 dias. A substituição das brigadas fazia-se aleatoriamente em função do seu desgaste físico. Por só haver duas Divisões do Corpo Expedicionário Português, nenhuma delas pôde repousar completamente. A alternativa a esta situação de desgaste passava por substituir por inteiro os soldados do CEP nas linhas da frente trocando-os por soldados britânicos, solução que chegou a estar planeada para o dia 9 de Abril de 1918. Mas na madrugada deste dia os alemães derem início à maior ofensiva que jamais as tropas portuguesas suportaram em qualquer teatro de operações, naquela que ficou conhecida como a Batalha de La Lys e que resultou numa estrondosa derrota para o Exército Português. É sabido que um dos momentos de maior fragilidade das tropas em campanha é o da sua rendição por outras. Os soldados que partem, exaustos, começam a recolher material e armamento. Os que chegam demoraram a familiarizar-se com os novos postos. A agitação dá lugar à distracção. Foi no ponto em que se preparava para sair das trincheiras que a 2.ª Divisão do CEP foi surpreendida e teve de enfrentar o ataque alemão. Arnaldo Garcez/Liga dos Combatentes
Um soldado português (à direita da imagem) e um soldado inglês cumprimentam-se na frente da Flandres. De acordo com a prática britânica, quando os escalões das diferentes unidades concluíssem a instrução passavam ao estágio junto das unidades inglesas para poderem observar a prática da guerra nas trincheiras. Dada a demora da concentração das forças portugueses em França, pode dizer-se que os primeiros batalhões do CEP a pisarem solo gaulês acabaram por ter um bom período de adaptação bem como uma instrução mais completa, que supriu as debilidades que os soldados traziam de Portugal.
Um soldado português (à direita da imagem) e um soldado inglês cumprimentam-se na frente da Flandres. De acordo com a prática britânica, quando os escalões das diferentes unidades concluíssem a instrução passavam ao estágio junto das unidades inglesas para poderem observar a prática da guerra nas trincheiras. Dada a demora da concentração das forças portugueses em França, pode dizer-se que os primeiros batalhões do CEP a pisarem solo gaulês acabaram por ter um bom período de adaptação bem como uma instrução mais completa, que supriu as debilidades que os soldados traziam de Portugal. Colecção Portugal na Grande Guerra/Arquivo Histórico Militar
No final de Fevereiro de 1917, na zona de concentração, em várias povoações em torno de Aire-sur-la-Lys, reuniram-se nove batalhões de infantaria e uma bateria de artilharia. Dois meses depois estavam instalados 16 batalhões e cinco baterias. Assim que chegavam às aldeias francesas de retaguarda, os soldados eram vacinados contra o tifo e a varíola e recebiam novo armamento. Dizem que este terá sido o melhor tempo que os soldados do CEP passaram em França, antes de entrarem nas linhas da frente. Aí repousaram, treinaram e aprenderam a dizer as primeiras palavras em francês e em inglês.
No final de Fevereiro de 1917, na zona de concentração, em várias povoações em torno de Aire-sur-la-Lys, reuniram-se nove batalhões de infantaria e uma bateria de artilharia. Dois meses depois estavam instalados 16 batalhões e cinco baterias. Assim que chegavam às aldeias francesas de retaguarda, os soldados eram vacinados contra o tifo e a varíola e recebiam novo armamento. Dizem que este terá sido o melhor tempo que os soldados do CEP passaram em França, antes de entrarem nas linhas da frente. Aí repousaram, treinaram e aprenderam a dizer as primeiras palavras em francês e em inglês. Agence Rol/Bibliothèque Nationale de France
A preparação militar do CEP feita em Portugal esteve longe do que seria conveniente. O tipo de combate nas trincheiras foi um problema, mas houve outros - o uso de gases de combate foi um deles. A iniciativa partiu do lado alemão, que para além de uma indústria química muito mais avançada do que a dos Aliados convenceu quatro prémios Nobel a trabalharem na investigação e produção de gases de combate. A formação das tropas portugueses para lidarem com este tipo de armas aconteceu sobretudo em França, numa escola instalada em Mametz, que especializou 667 militares. Para além destes, cerca de 38 mil soldados do CEP foram sujeitos à prova de gás lacrimogéneo.
A preparação militar do CEP feita em Portugal esteve longe do que seria conveniente. O tipo de combate nas trincheiras foi um problema, mas houve outros - o uso de gases de combate foi um deles. A iniciativa partiu do lado alemão, que para além de uma indústria química muito mais avançada do que a dos Aliados convenceu quatro prémios Nobel a trabalharem na investigação e produção de gases de combate. A formação das tropas portugueses para lidarem com este tipo de armas aconteceu sobretudo em França, numa escola instalada em Mametz, que especializou 667 militares. Para além destes, cerca de 38 mil soldados do CEP foram sujeitos à prova de gás lacrimogéneo. Agence Rol/Bibliothèque Nationale de France
Pouco antes dos primeiros embarques portugueses para o palco do conflito, no início de 1917, seguiram para França, de comboio, através da Espanha, um grupo de cerca de cem oficiais com a missão de se instruírem no uso de novas armas e novas técnicas de combate para, por sua vez, se transformarem em formadores dos camaradas que chegassem depois. Estes oficiais foram formados pelo Exército britânico que montou escolas nos terrenos da região de Étaples. No Campo de Educação Física e de Baioneta ministrou-se o curso de esgrima e baioneta. Os fotógrafos ao serviço do Exército britânico, John Warwick Brooke e Ernest Brooks, captaram muitas imagens do treino dado aos portugueses com fins propagandísticos. Esta é uma dessas fotografias.
Pouco antes dos primeiros embarques portugueses para o palco do conflito, no início de 1917, seguiram para França, de comboio, através da Espanha, um grupo de cerca de cem oficiais com a missão de se instruírem no uso de novas armas e novas técnicas de combate para, por sua vez, se transformarem em formadores dos camaradas que chegassem depois. Estes oficiais foram formados pelo Exército britânico que montou escolas nos terrenos da região de Étaples. No Campo de Educação Física e de Baioneta ministrou-se o curso de esgrima e baioneta. Os fotógrafos ao serviço do Exército britânico, John Warwick Brooke e Ernest Brooks, captaram muitas imagens do treino dado aos portugueses com fins propagandísticos. Esta é uma dessas fotografias. John Warwick Brooke (Topical Press Agency)/National Library of Scotland
A instrução dos efectivos do Corpo de Artilharia Pesada (CAP) durou oito meses, ao longo de 1917, e foi dada nos campos de Roffey e Hazeley-Down e na escola de tiro de Lydd, Inglaterra. O percurso do CAP na Grande Guerra foi sinuoso e com resultados práticos pouco marcantes, sobretudo por causa das indecisões da liderança ao mais alto nível que acabariam por ditar a agregação a dois exércitos distintos, o francês e o britânico. O contingente que lutou ao lado do 4.º e 6.º Exércitos Franceses desenvolveu duas acções de campanha e teve resultados aceitáveis. Mas a passagem de militares do CAP por Horsham, onde receberam instrução, ficaria marcada por vários episódios disciplinares, em parte também relacionados com a indecisão das chefias na utilização de peças de artilharia pesada inglesas ou francesas.
A instrução dos efectivos do Corpo de Artilharia Pesada (CAP) durou oito meses, ao longo de 1917, e foi dada nos campos de Roffey e Hazeley-Down e na escola de tiro de Lydd, Inglaterra. O percurso do CAP na Grande Guerra foi sinuoso e com resultados práticos pouco marcantes, sobretudo por causa das indecisões da liderança ao mais alto nível que acabariam por ditar a agregação a dois exércitos distintos, o francês e o britânico. O contingente que lutou ao lado do 4.º e 6.º Exércitos Franceses desenvolveu duas acções de campanha e teve resultados aceitáveis. Mas a passagem de militares do CAP por Horsham, onde receberam instrução, ficaria marcada por vários episódios disciplinares, em parte também relacionados com a indecisão das chefias na utilização de peças de artilharia pesada inglesas ou francesas. Agence Rol/Bibliothèque Nationale de France
Soldados sinaleiros do 1.º grupo do Corpo de Artilharia Pesada (CAP) durante uma sessão de instrução no campo de Roffey, em Horsham, Inglaterra. A mobilização de soldados para a constituição do CAP ocorreu apenas em Janeiro de 1917. Depois de assinada, pelos ministros da Guerra português e francês, a Convenção Militar para o emprego de Artilharia Pesada, em Maio do mesmo ano, Portugal envia para Inglaterra um contingente de efectivos para receber instrução.
Soldados sinaleiros do 1.º grupo do Corpo de Artilharia Pesada (CAP) durante uma sessão de instrução no campo de Roffey, em Horsham, Inglaterra. A mobilização de soldados para a constituição do CAP ocorreu apenas em Janeiro de 1917. Depois de assinada, pelos ministros da Guerra português e francês, a Convenção Militar para o emprego de Artilharia Pesada, em Maio do mesmo ano, Portugal envia para Inglaterra um contingente de efectivos para receber instrução. Agence Rol/Bibliothèque Nationale de France
Soldado de Artilharia do CEP depois do desembarque em Fevereiro de 1917. A guerra de informação travava-se nos jornais em paralelo com a guerra no terreno. A Ilustração Portuguesa evitou sempre identificar o local de desembarque das tropas portuguesas em França. Nas reportagens fotográficas sobre esse momento, as legendas eram vagas ou usam subterfúgios como este: “Nas ruas da cidade de XXX”. Tentando contrariar os mais pessimistas (ou os que se opunham ao envio de tropas para a guerra), a revista dá conta do seu entusiasmo na “formidável luta contra os impérios centrais”: “Orgulha-nos saber como os nossos oficiais e soldados continuam ali a ser recebidos. O pessimismo indígena chegou a desdenhar do destaque que poderiam ter algumas dezenas de milhar de homens onde combatiam milhões, de um lado e outro; mas é hoje forçado a reconhecer que o saber técnico dos primeiros e a valentia e sobriedade dos segundos suplantam admiravelmente a sua pequenez numérica”.
Soldado de Artilharia do CEP depois do desembarque em Fevereiro de 1917. A guerra de informação travava-se nos jornais em paralelo com a guerra no terreno. A Ilustração Portuguesa evitou sempre identificar o local de desembarque das tropas portuguesas em França. Nas reportagens fotográficas sobre esse momento, as legendas eram vagas ou usam subterfúgios como este: “Nas ruas da cidade de XXX”. Tentando contrariar os mais pessimistas (ou os que se opunham ao envio de tropas para a guerra), a revista dá conta do seu entusiasmo na “formidável luta contra os impérios centrais”: “Orgulha-nos saber como os nossos oficiais e soldados continuam ali a ser recebidos. O pessimismo indígena chegou a desdenhar do destaque que poderiam ter algumas dezenas de milhar de homens onde combatiam milhões, de um lado e outro; mas é hoje forçado a reconhecer que o saber técnico dos primeiros e a valentia e sobriedade dos segundos suplantam admiravelmente a sua pequenez numérica”. Agence Rol/Bibliothèque Nationale de France
A ausência de uma recepção oficial e calorosa em Brest notada pelo alferes Mário Afonso de Carvalho, da 1.ª Divisão de Artilharia do CEP, contrasta com entusiasmo patriota da revista Ilustração Portuguesa de 5 de Março de 1917, onde a propósito dos primeiros desembarques em França escreve: “Apesar da viagem agitada e de ir encontrar uma temperatura que desceu por vezes 18 graus abaixo de zero [o soldado português] chegou na mesma disposição d’espírito com que partira, isto é, como se fosse dar um simples passeio militar”.
A ausência de uma recepção oficial e calorosa em Brest notada pelo alferes Mário Afonso de Carvalho, da 1.ª Divisão de Artilharia do CEP, contrasta com entusiasmo patriota da revista Ilustração Portuguesa de 5 de Março de 1917, onde a propósito dos primeiros desembarques em França escreve: “Apesar da viagem agitada e de ir encontrar uma temperatura que desceu por vezes 18 graus abaixo de zero [o soldado português] chegou na mesma disposição d’espírito com que partira, isto é, como se fosse dar um simples passeio militar”. Agence Rol/Bibliothèque Nationale de France
Soldados da 1.ª Divisão de Artilharia do CEP momentos depois da chegada a Brest. O acolhimento do primeiro contingente de tropas portuguesas não foi entusiástico. O alferes Mário Afonso de Carvalho descreve assim esse momento: “Finalmente pelas 7 horas da manhã ouço uma voz que vem do corredor próximo: Terra à vista! Terra de França! O navio ia entrar na grande baía de Brest. As autoridades não compareceram no cais, nem houve qualquer manifestação de cortesia à nossa chegada, talvez por ignorância, pois era o primeiro troço de tropas portuguesas a pisar a terra francesa” (in Portugal na Grande Guerra, de Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes).
Soldados da 1.ª Divisão de Artilharia do CEP momentos depois da chegada a Brest. O acolhimento do primeiro contingente de tropas portuguesas não foi entusiástico. O alferes Mário Afonso de Carvalho descreve assim esse momento: “Finalmente pelas 7 horas da manhã ouço uma voz que vem do corredor próximo: Terra à vista! Terra de França! O navio ia entrar na grande baía de Brest. As autoridades não compareceram no cais, nem houve qualquer manifestação de cortesia à nossa chegada, talvez por ignorância, pois era o primeiro troço de tropas portuguesas a pisar a terra francesa” (in Portugal na Grande Guerra, de Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes). Agence Rol/Bibliothèque Nationale de France
Soldados da 1.ª Divisão de Artilharia do CEP descansam depois do desembarque em Brest, no início de 1917. Por causa do desconhecimento do quotidiano de combate nas trincheiras e das condições atmosféricas locais, os soldados do CEP foram mal apetrechados para a Flandres. As botas não eram apropriadas para uso intensivo em terras lamacentas, os agasalhos eram rudimentares tal como as mudas de roupa (apenas uma por cada praça). O equipamento com tecidos impermeáveis para protecção da chuva (que caia constantemente naquela região da frente) foi totalmente ignorado. O rigor do Inverno de 1917 no Norte de França abateu-se sobre as tropas com grande impacto. Os efectivos sofreram com o frio e foram precisos meses de experiência nas trincheiras até se improvisarem soluções para suprir as dificuldades iniciais dos militares.
Soldados da 1.ª Divisão de Artilharia do CEP descansam depois do desembarque em Brest, no início de 1917. Por causa do desconhecimento do quotidiano de combate nas trincheiras e das condições atmosféricas locais, os soldados do CEP foram mal apetrechados para a Flandres. As botas não eram apropriadas para uso intensivo em terras lamacentas, os agasalhos eram rudimentares tal como as mudas de roupa (apenas uma por cada praça). O equipamento com tecidos impermeáveis para protecção da chuva (que caia constantemente naquela região da frente) foi totalmente ignorado. O rigor do Inverno de 1917 no Norte de França abateu-se sobre as tropas com grande impacto. Os efectivos sofreram com o frio e foram precisos meses de experiência nas trincheiras até se improvisarem soluções para suprir as dificuldades iniciais dos militares. Agence Rol/Bibliothèque Nationale de France
Controlo de soldados da 1.ª Divisão de Artilharia do CEP pouco depois da chegada a Brest. Entre Fevereiro de 1917 e Fevereiro de 1918 chegaram a França, por via marítima, cerca de 58 mil soldados portugueses. Por norma, a permanência dos efectivos naquele porto francês não ultrapassava mais de dois dias, o tempo de se organizar a viagem de comboio que deslocaria a tropa para a zona de concentração, em Aire-sur-la-Lys e Saint-Somer, a cerca de 700 quilómetros de Brest. Esta viagem durava cerca de 48 horas e havia poucas paragens através dos campos cobertos de neve no Norte de França
Controlo de soldados da 1.ª Divisão de Artilharia do CEP pouco depois da chegada a Brest. Entre Fevereiro de 1917 e Fevereiro de 1918 chegaram a França, por via marítima, cerca de 58 mil soldados portugueses. Por norma, a permanência dos efectivos naquele porto francês não ultrapassava mais de dois dias, o tempo de se organizar a viagem de comboio que deslocaria a tropa para a zona de concentração, em Aire-sur-la-Lys e Saint-Somer, a cerca de 700 quilómetros de Brest. Esta viagem durava cerca de 48 horas e havia poucas paragens através dos campos cobertos de neve no Norte de França Agence Rol/Bibliothèque Nationale de France
Soldados de Artilharia do Corpo Expedicionário Português posam para a fotografia momentos depois do desembarque em Brest, França. Para prevenir ataques dos submarinos alemães, que operavam no Canal da Mancha, no Golfo da Biscaia e ao longo da costa portuguesa, a Marinha inglesa destacou vários contratorpedeiros que acompanhavam os navios de transporte de efectivos. Apesar dos fracos meios de que dispunha, a Armada portuguesa também fez o acompanhamento de algumas destas viagens.
Soldados de Artilharia do Corpo Expedicionário Português posam para a fotografia momentos depois do desembarque em Brest, França. Para prevenir ataques dos submarinos alemães, que operavam no Canal da Mancha, no Golfo da Biscaia e ao longo da costa portuguesa, a Marinha inglesa destacou vários contratorpedeiros que acompanhavam os navios de transporte de efectivos. Apesar dos fracos meios de que dispunha, a Armada portuguesa também fez o acompanhamento de algumas destas viagens. Agence Rol/Bibliothèque Nationale de France
Pode parecer que estão a embarcar, mas o certo é que estes militares do CEP estão a desembarcar no porto de Brest, depois de três dias de viagem, vindos de Lisboa. O primeiro contingente português com destino a França embarcou no dia 19 de Janeiro. Mas o barco que  transportava a tropa só levantaria âncora no dia 31 de Janeiro, às 7 da tarde. O alferes do 23.º Regimento de Infantaria Mário Afonso Carvalho descreve as condições nos quartos como "...uma espécie de jazigo com duas prateleiras de lona sobrepostas de cada lado e um pequeno lavatório ao meio". A comida inglesa a bordo "quase sempre" cheirava "a cebo das botas" (www.momentosdehistoria.com). Se os oficiais se queixavam das condições da viagem, os soldados rasos muito mais já que foram obrigados a dormir no chão e pelos corredores.
Pode parecer que estão a embarcar, mas o certo é que estes militares do CEP estão a desembarcar no porto de Brest, depois de três dias de viagem, vindos de Lisboa. O primeiro contingente português com destino a França embarcou no dia 19 de Janeiro. Mas o barco que transportava a tropa só levantaria âncora no dia 31 de Janeiro, às 7 da tarde. O alferes do 23.º Regimento de Infantaria Mário Afonso Carvalho descreve as condições nos quartos como "...uma espécie de jazigo com duas prateleiras de lona sobrepostas de cada lado e um pequeno lavatório ao meio". A comida inglesa a bordo "quase sempre" cheirava "a cebo das botas" (www.momentosdehistoria.com). Se os oficiais se queixavam das condições da viagem, os soldados rasos muito mais já que foram obrigados a dormir no chão e pelos corredores. Agence Rol/Bibliothèque Nationale de France
Oficial da 1.ª Divisão de Artilharia do CEP, pouco depois do desembarque em Brest, em Fevereiro de 1917. À chegada, os efectivos portugueses enfrentaram temperaturas a que não estavam habituados. Em Fevereiro, registaram-se temperaturas excepcionalmente baixas, com os termómetros a descerem até aos 20 graus negativos. No mês em que chegaram mais navios com tropas portuguesas, 13 embarcações, nevou com intensidade e céu manteve-se cinzento. Depressa se percebeu que o fardamento do CEP era inadequado para aquelas condições atmosféricas.
Oficial da 1.ª Divisão de Artilharia do CEP, pouco depois do desembarque em Brest, em Fevereiro de 1917. À chegada, os efectivos portugueses enfrentaram temperaturas a que não estavam habituados. Em Fevereiro, registaram-se temperaturas excepcionalmente baixas, com os termómetros a descerem até aos 20 graus negativos. No mês em que chegaram mais navios com tropas portuguesas, 13 embarcações, nevou com intensidade e céu manteve-se cinzento. Depressa se percebeu que o fardamento do CEP era inadequado para aquelas condições atmosféricas. Agence Rol/Bibliothèque Nationale de France
Desembarque de um contingente da 1.ª Divisão de Artilharia do CEP em Brest, França, no início de Fevereiro de 1917. Para além das más condições a bordo (navios sobrelotados, soldados misturados com animais, munições e mantimentos), a viagem de navio de Lisboa era recheada de perigo constante vindo das águas oceânicas que estavam infestadas de minas e submarinos inimigos. Esta fotografia da chegada dos militares portugueses a França faz parte de uma série de imagens não muito conhecida da participação portuguesa na Grande Guerra. Foi captada por M. Rol, da agência de fotografia Rol, fundada em 1904 por Georges Devred. A revista Ilustração Portugueza publicou a 5 de Março de 1917 algumas destas imagens, ao longo de um artigo titulado "As nossas tropas em França". "O soldado portuguez não pisou a nobre terra de França com menos galhardia do que deixou a sua", escreveu o articulista.
Desembarque de um contingente da 1.ª Divisão de Artilharia do CEP em Brest, França, no início de Fevereiro de 1917. Para além das más condições a bordo (navios sobrelotados, soldados misturados com animais, munições e mantimentos), a viagem de navio de Lisboa era recheada de perigo constante vindo das águas oceânicas que estavam infestadas de minas e submarinos inimigos. Esta fotografia da chegada dos militares portugueses a França faz parte de uma série de imagens não muito conhecida da participação portuguesa na Grande Guerra. Foi captada por M. Rol, da agência de fotografia Rol, fundada em 1904 por Georges Devred. A revista Ilustração Portugueza publicou a 5 de Março de 1917 algumas destas imagens, ao longo de um artigo titulado "As nossas tropas em França". "O soldado portuguez não pisou a nobre terra de França com menos galhardia do que deixou a sua", escreveu o articulista. Agence Rol/Bibliothèque Nationale de France
Soldados do CEP amontoados a bordo de um navio com destino a França. Os sete navios disponibilizados pelo Governo britânico não estavam adaptados ao transporte de um grande número homens e equipamento pesado. A viagem até ao porto de Brest demorava cerca de três dias. Os navios ingleses foram concebidos para viagens de três horas entre a Inglaterra e a França. Chamavam-se Bellerophon, City of Banares, Inventor, Bohemian, Rhesus, Flavia e Lasmedon e não tinham estruturas para as tropas dormirem ou tomarem refeições. Depois dos desfiles militares pelas ruas de Lisboa, ao longo dos últimos meses de 1916, os embarques, a partir de Fevereiro de 1917, começaram a fazer-se com menos alarido (havia pouco entusiasmo da população ao ver partir os soldados para França). Esta fotografia de Joshua Benoliel apareceu na capa da revista Ilustração Portugueza de 30 de Abril de 1917. No final da reportagem fotográfica, uma nota discreta referia: "Publicação autorisada por s. ex.ª o ministro da guerra".
Soldados do CEP amontoados a bordo de um navio com destino a França. Os sete navios disponibilizados pelo Governo britânico não estavam adaptados ao transporte de um grande número homens e equipamento pesado. A viagem até ao porto de Brest demorava cerca de três dias. Os navios ingleses foram concebidos para viagens de três horas entre a Inglaterra e a França. Chamavam-se Bellerophon, City of Banares, Inventor, Bohemian, Rhesus, Flavia e Lasmedon e não tinham estruturas para as tropas dormirem ou tomarem refeições. Depois dos desfiles militares pelas ruas de Lisboa, ao longo dos últimos meses de 1916, os embarques, a partir de Fevereiro de 1917, começaram a fazer-se com menos alarido (havia pouco entusiasmo da população ao ver partir os soldados para França). Esta fotografia de Joshua Benoliel apareceu na capa da revista Ilustração Portugueza de 30 de Abril de 1917. No final da reportagem fotográfica, uma nota discreta referia: "Publicação autorisada por s. ex.ª o ministro da guerra". Joshua Benoliel
Partida para França de um dos primeiros navios de transporte dos soldados do Corpo Expedicionário Português (CEP), que chegaria a Brest a 2 de Fevereiro de 1917. O Governo britânico disponibilizou sete navios para a deslocação do CEP. Os navios portugueses Pedro Nunes e Gil Eanes também foram utilizados nessa operação de transporte, que foi um das grandes dificuldades da participação portuguesa no teatro de guerra europeu. O transporte de soldados em grande escala para França só era viável por mar, tendo em conta que a neutralidade espanhola, que não admitia a passagem de tropas identificadas como tal. Apesar deste impedimento formal, pequenos grupos de militares seguiram por via férrea até ao front. Viajavam para Paris em trajo civil, disfarçados de turistas. Chegados à capital francesa seguiam para o quartel-general, em Aire-sur-la-Lys, onde recebiam ordem de marcha para o campo de batalha.
Partida para França de um dos primeiros navios de transporte dos soldados do Corpo Expedicionário Português (CEP), que chegaria a Brest a 2 de Fevereiro de 1917. O Governo britânico disponibilizou sete navios para a deslocação do CEP. Os navios portugueses Pedro Nunes e Gil Eanes também foram utilizados nessa operação de transporte, que foi um das grandes dificuldades da participação portuguesa no teatro de guerra europeu. O transporte de soldados em grande escala para França só era viável por mar, tendo em conta que a neutralidade espanhola, que não admitia a passagem de tropas identificadas como tal. Apesar deste impedimento formal, pequenos grupos de militares seguiram por via férrea até ao front. Viajavam para Paris em trajo civil, disfarçados de turistas. Chegados à capital francesa seguiam para o quartel-general, em Aire-sur-la-Lys, onde recebiam ordem de marcha para o campo de batalha. Arnaldo Garcez/Liga dos Combatentes
Uma mulher distribui castanhas pelos soldados antes da partida para a Flandres francesa. A viagem de barco até Brest demorou três dias, mas só em Abril de 1917 as tropas portuguesas se entrincheiraram na frente de combate. A 4 de Abril, António Gonçalves Curado foi o primeiro soldado português morto na Grande Guerra em França
Uma mulher distribui castanhas pelos soldados antes da partida para a Flandres francesa. A viagem de barco até Brest demorou três dias, mas só em Abril de 1917 as tropas portuguesas se entrincheiraram na frente de combate. A 4 de Abril, António Gonçalves Curado foi o primeiro soldado português morto na Grande Guerra em França Joshua Benoliel/Arquivo Municipal de Lisboa
A última carícia antes da partida para a frente de guerra na Flandres, em França, numa das fotografias mais icónicas da participação portuguesa na Grande Guerra. No Cais de Santa Apolónia, Joshua Benoliel captou um instantâneo que viria a ser capa da revista Ilustração Portugueza, de 12 de Fevereiro de 1917
A última carícia antes da partida para a frente de guerra na Flandres, em França, numa das fotografias mais icónicas da participação portuguesa na Grande Guerra. No Cais de Santa Apolónia, Joshua Benoliel captou um instantâneo que viria a ser capa da revista Ilustração Portugueza, de 12 de Fevereiro de 1917 Joshua Benoliel/Arquivo Municipal de Lisboa
Soldados do Corpo Expedicionário Português momentos antes do embarque no cais de Santa Apolónia, em Lisboa. Esta terá sido uma das fotografias da participação portuguesa na I Guerra mais reproduzidas. Que mensagem terá escrito (literalmente em cima do joelho) este soldado? Os instantes que antecederam a partida do primeiro batalhão português ofereceram ao repórter Joshua Benoliel algumas das imagens mais pungentes publicadas na imprensa portuguesa da época. Esta carta de última hora foi estampada na primeira página da revista Ilustração Portugueza de 26 de Fevereiro de 1917
Soldados do Corpo Expedicionário Português momentos antes do embarque no cais de Santa Apolónia, em Lisboa. Esta terá sido uma das fotografias da participação portuguesa na I Guerra mais reproduzidas. Que mensagem terá escrito (literalmente em cima do joelho) este soldado? Os instantes que antecederam a partida do primeiro batalhão português ofereceram ao repórter Joshua Benoliel algumas das imagens mais pungentes publicadas na imprensa portuguesa da época. Esta carta de última hora foi estampada na primeira página da revista Ilustração Portugueza de 26 de Fevereiro de 1917 Joshua Benoliel/Arquivo Municipal de Lisboa
Chegada ao cais de embarque de Lisboa de um Batalhão de Infantaria vindo de Castelo Branco. Este grupo de homens foi captado pela objectiva de Joshua Benoliel (1873-1932), repórter fotográfico que trabalhava para O Século e que, apesar de não ter estado na frente de batalha, deixou algumas das mais icónicas imagens da participação portuguesa na I Guerra Mundial (preparativos militares, desfiles, partidas e chegadas de tropas…)
Chegada ao cais de embarque de Lisboa de um Batalhão de Infantaria vindo de Castelo Branco. Este grupo de homens foi captado pela objectiva de Joshua Benoliel (1873-1932), repórter fotográfico que trabalhava para O Século e que, apesar de não ter estado na frente de batalha, deixou algumas das mais icónicas imagens da participação portuguesa na I Guerra Mundial (preparativos militares, desfiles, partidas e chegadas de tropas…) Joshua Benoliel/Arquivo Municipal de Lisboa
Desfile na Rua de Belém, em Lisboa, em 1916, com o Mosteiro dos Jerónimos como pano de fundo. A preparação militar do Corpo Expedicionário Português (CEP) não foi adequada ao tipo de combate nas trincheiras que viria a marcar o quotidiano da guerra na Flandres francesa. Entre o Exército havia desconhecimento sobre as novas formas de fazer guerra e novas armas, tais como gases asfixiantes e bombardeamentos pesados das tropas das primeiras linhas
Desfile na Rua de Belém, em Lisboa, em 1916, com o Mosteiro dos Jerónimos como pano de fundo. A preparação militar do Corpo Expedicionário Português (CEP) não foi adequada ao tipo de combate nas trincheiras que viria a marcar o quotidiano da guerra na Flandres francesa. Entre o Exército havia desconhecimento sobre as novas formas de fazer guerra e novas armas, tais como gases asfixiantes e bombardeamentos pesados das tropas das primeiras linhas Joshua Benoliel/Arquivo Municipal de Lisboa
Preparativos para o embarque das tropas portuguesas que viriam combater na Primeira Guerra Mundial. Demonstração na Praça do Comércio em Lisboa do equipamento da Cruz Vermelha Portuguesa, que incluía veículos sidecar
Preparativos para o embarque das tropas portuguesas que viriam combater na Primeira Guerra Mundial. Demonstração na Praça do Comércio em Lisboa do equipamento da Cruz Vermelha Portuguesa, que incluía veículos sidecar Joshua Benoliel/Arquivo Municipal de Lisboa
Preparativos para o embarque das tropas portuguesas que viriam a combater na Flandres. Portugal entra na guerra respeitando a sua velha aliança com a Inglaterra, país que viria a financiar boa parte do esforço militar da ainda jovem República
Preparativos para o embarque das tropas portuguesas que viriam a combater na Flandres. Portugal entra na guerra respeitando a sua velha aliança com a Inglaterra, país que viria a financiar boa parte do esforço militar da ainda jovem República Joshua Benoliel/Arquivo Municipal de Lisboa
Exercícios de cavalaria durante o aprontamento do Corpo Expedicionário Português em Vila Nova da Barquinha, em 1916, antes do embarque para a frente de combate em França, no início de 1917
Exercícios de cavalaria durante o aprontamento do Corpo Expedicionário Português em Vila Nova da Barquinha, em 1916, antes do embarque para a frente de combate em França, no início de 1917 Atribuído a Joshua Benoliel/Arquivo Municipal de Lisboa
A participação de Portugal na Grande Guerra dividiu o país. Depois de esgotados os argumentos nos jornais, Cristóvão Ayres de Magalhães (filho) e Óscar Monteiro Torres enfrentaram-se em duelo, de sabre em riste, em Junho de 1915. O primeiro - militar, jornalista e escritor – defendia uma posição minoritária segundo a qual Portugal devia manter a neutralidade. O segundo - militar aviador, um dos primeiros pilotos brevetados em Portugal - era a favor da entrada no conflito. O local do duelo queria-se secreto, mas mal se soube que os dois militares se enfrentariam na Estrada da Ameixoeira, arredores de Lisboa, uma multidão dirigiu-se ao local (houve engarrafamento de carros e o litigantes tiveram de trocar de roupa longe dos olhares curiosos e das objectivas dos muitos fotógrafos). Após ter sido ferido várias vezes logo nos primeiros assaltos, Ayres de Magalhães desiste depois de um golpe mais profundo. Os dois militares haveriam de combater depois em França do mesmo lado da barricada. Cristóvão Ayres de Magalhães regressou com vida e condecorado. Óscar Monteiro Torres morreu aos 28 anos, um dia depois depois de ter sido atingido nos céus de Laon, a 19 de Novembro de 1917, aos comandos de um Spad, integrado na Esquadrilha das Cegonhas. Foi condecorado, a título póstumo, com a Legião de Honra e Cruz de Guerra francesas, e a Medalha da Cruz de Guerra e Torre e Espada de Portugal
A participação de Portugal na Grande Guerra dividiu o país. Depois de esgotados os argumentos nos jornais, Cristóvão Ayres de Magalhães (filho) e Óscar Monteiro Torres enfrentaram-se em duelo, de sabre em riste, em Junho de 1915. O primeiro - militar, jornalista e escritor – defendia uma posição minoritária segundo a qual Portugal devia manter a neutralidade. O segundo - militar aviador, um dos primeiros pilotos brevetados em Portugal - era a favor da entrada no conflito. O local do duelo queria-se secreto, mas mal se soube que os dois militares se enfrentariam na Estrada da Ameixoeira, arredores de Lisboa, uma multidão dirigiu-se ao local (houve engarrafamento de carros e o litigantes tiveram de trocar de roupa longe dos olhares curiosos e das objectivas dos muitos fotógrafos). Após ter sido ferido várias vezes logo nos primeiros assaltos, Ayres de Magalhães desiste depois de um golpe mais profundo. Os dois militares haveriam de combater depois em França do mesmo lado da barricada. Cristóvão Ayres de Magalhães regressou com vida e condecorado. Óscar Monteiro Torres morreu aos 28 anos, um dia depois depois de ter sido atingido nos céus de Laon, a 19 de Novembro de 1917, aos comandos de um Spad, integrado na Esquadrilha das Cegonhas. Foi condecorado, a título póstumo, com a Legião de Honra e Cruz de Guerra francesas, e a Medalha da Cruz de Guerra e Torre e Espada de Portugal Joshua Benoliel/Arquivo Municipal de Lisboa
Desfile militar na Praça do Comércio, em Lisboa, em Janeiro de 1917, antes da partida do primeiro batalhão do Corpo Expedicionário Português (CEP) rumo à Flandres. O general Norton de Matos, ministro da Guerra entre 1915 e 1917, e o general Tamagnini foram os principais responsáveis pela preparação do CEP no centro de instrução de Tancos, um esforço que ficou conhecido como o “milagre de Tancos” pela forma rápida e eficaz (dizem os mais optimistas) com que se transformaram rapazes sem instrução militar em soldados aptos para o combate
Desfile militar na Praça do Comércio, em Lisboa, em Janeiro de 1917, antes da partida do primeiro batalhão do Corpo Expedicionário Português (CEP) rumo à Flandres. O general Norton de Matos, ministro da Guerra entre 1915 e 1917, e o general Tamagnini foram os principais responsáveis pela preparação do CEP no centro de instrução de Tancos, um esforço que ficou conhecido como o “milagre de Tancos” pela forma rápida e eficaz (dizem os mais optimistas) com que se transformaram rapazes sem instrução militar em soldados aptos para o combate Joshua Benoliel/Arquivo Municipal de Lisboa
Envio de tropas expedicionárias para Moçambique, no cais de Santa Apolónia, em 11 de Setembro de 1914. A participação (não declarada) de Portugal na Grande Guerra começou de maneira prudente com o destacamento de tropas para Angola, embarcadas no Moçambique, entre outros navios, e para Moçambique a bordo do navio britânico Durham Castle
Envio de tropas expedicionárias para Moçambique, no cais de Santa Apolónia, em 11 de Setembro de 1914. A participação (não declarada) de Portugal na Grande Guerra começou de maneira prudente com o destacamento de tropas para Angola, embarcadas no Moçambique, entre outros navios, e para Moçambique a bordo do navio britânico Durham Castle Anselmo Franco/Arquivo Municipal de Lisboa