Religião

Em Fátima rezei por ti (e comprei uma lembrança)

“Temos também cabeças, corações, bebés... Os estrangeiros perguntam qual é o significado. Há muita gente que se ri mas quando dizemos que [estas figuras em cera] são para cumprir promessas as pessoas respeitam” (Soraia Conde, 23 anos)
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“Temos também cabeças, corações, bebés... Os estrangeiros perguntam qual é o significado. Há muita gente que se ri mas quando dizemos que [estas figuras em cera] são para cumprir promessas as pessoas respeitam” (Soraia Conde, 23 anos)

São cenários de uma desordem organizada. Nas pracetas localizadas a sul e a norte do Santuário de Fátima, dezenas de lojas conseguem acumular uma surpreendente variedade de produtos num espaço reduzido. Os terços, os porta-chaves, as imagens de Nossa Senhora, os ímans, as velas, os brinquedos pendurados quase nem permitem revelar a cor das paredes no interior. Em pouco tempo, o acto de examinar com atenção estas montras, resguardadas por arcadas, pode transformar-se num difícil exercício de concentração. Em conjunto, estes produtos, vendidos e comprados como lembranças de uma passagem por Fátima, compõem uma paisagem complicada de interpretar. Isolados desse contexto, podem tornar-se mais óbvios ou ainda mais difíceis de decifrar. Restam as histórias de quem os vende.

“Não digo que o negócio está melhor, mas tem estado muita gente. Já estou aqui há 38 anos. Dantes as pessoas levavam peças grandes, santos grandes, mas agora é só uma recordação. A Água de Fátima, as medalhas, os terços...” (Lurdes Oliveira, 52 anos)
“Não digo que o negócio está melhor, mas tem estado muita gente. Já estou aqui há 38 anos. Dantes as pessoas levavam peças grandes, santos grandes, mas agora é só uma recordação. A Água de Fátima, as medalhas, os terços...” (Lurdes Oliveira, 52 anos)
“Estamos sempre na conversa umas com as outras. Vai-se passando o tempo. Existe alguma rivalidade e às vezes um bocadinho de mau ambiente. Mas depois passa tudo” (Rita Caetano, 23 anos)
“Estamos sempre na conversa umas com as outras. Vai-se passando o tempo. Existe alguma rivalidade e às vezes um bocadinho de mau ambiente. Mas depois passa tudo” (Rita Caetano, 23 anos)
“Vende-se o baratinho. Principalmente às crianças, ao grupinho da catequese e da escola. Compram uma fitinha ou um terço de um euro. Há 30 anos era uma beleza estar aqui em Fátima. Agora vê-se mesmo que as pessoas não têm dinheiro” (Rosa Cheinho, 67 anos)
“Vende-se o baratinho. Principalmente às crianças, ao grupinho da catequese e da escola. Compram uma fitinha ou um terço de um euro. Há 30 anos era uma beleza estar aqui em Fátima. Agora vê-se mesmo que as pessoas não têm dinheiro” (Rosa Cheinho, 67 anos)
“A máquina fotográfica [com <i>slides</i> de Fátima e de monumentos da região Centro] vende-se muito. Pelo menos para as crianças vende-se muito. Trabalho aqui há 40 anos mas no Inverno, como tem estado fraquinho, na maior parte dos dias não abro” (Isaura Dias, 75 anos)
“A máquina fotográfica [com slides de Fátima e de monumentos da região Centro] vende-se muito. Pelo menos para as crianças vende-se muito. Trabalho aqui há 40 anos mas no Inverno, como tem estado fraquinho, na maior parte dos dias não abro” (Isaura Dias, 75 anos)
 “As outras imagens maiores vendem-se mas já não tanto. Custam mais dinheiro. Só mesmo aquelas pessoas que vêm com aquela ideia de comprar imagens é que compram" (Isaura Dias, 75 anos)
“As outras imagens maiores vendem-se mas já não tanto. Custam mais dinheiro. Só mesmo aquelas pessoas que vêm com aquela ideia de comprar imagens é que compram" (Isaura Dias, 75 anos)
“É uma das lembranças mais procuradas, a [medalha] que tem o Sagrado Coração de Jesus num lado, e a aparição no outro. Quando é para si as pessoas escolhem uma coisinha mais cara mas quando é para oferecer escolhem coisinhas mais baratas” (Soraia Conde, 23 anos)
“É uma das lembranças mais procuradas, a [medalha] que tem o Sagrado Coração de Jesus num lado, e a aparição no outro. Quando é para si as pessoas escolhem uma coisinha mais cara mas quando é para oferecer escolhem coisinhas mais baratas” (Soraia Conde, 23 anos)
“Este terço tem cheiro mas é só perfumado. Há outro feito de pétalas de rosa mas é mais caro. Alguns preferem a réplica porque não têm muito dinheiro. Já tive brasileiros que vieram cá dizer que têm o outro terço há anos e que não perdeu o cheiro” (Anabela Lopes, 33 anos)
“Este terço tem cheiro mas é só perfumado. Há outro feito de pétalas de rosa mas é mais caro. Alguns preferem a réplica porque não têm muito dinheiro. Já tive brasileiros que vieram cá dizer que têm o outro terço há anos e que não perdeu o cheiro” (Anabela Lopes, 33 anos)
“A casinha em tijolo vendia-se bastante. Comprava disto às caixas mas agora só raramente é que vendo. Tenho um restinho, uns cinco ou sete e não vou encomendar mais” (Maria Emília, 81 anos)
“A casinha em tijolo vendia-se bastante. Comprava disto às caixas mas agora só raramente é que vendo. Tenho um restinho, uns cinco ou sete e não vou encomendar mais” (Maria Emília, 81 anos)
“Os leques? Lá se vai vendendo um ou outro. Estamos no princípio do ano ainda. Esperemos que seja melhor do que nos outros anos. Mas às vezes é mais confusão do que outra coisa” (Noémia Reis, 70 anos)
“Os leques? Lá se vai vendendo um ou outro. Estamos no princípio do ano ainda. Esperemos que seja melhor do que nos outros anos. Mas às vezes é mais confusão do que outra coisa” (Noémia Reis, 70 anos)
“O negócio foi sempre evoluindo um bocadinho. Nunca para baixo, sempre para cima. Também vendemos bijutarias, não são só coisas religiosas. Os magnéticos, as medalhinhas, os terços... Porque são acessíveis e assim as pessoas levam uma lembrancinha” (Lúcia Caetano, 52 anos)
“O negócio foi sempre evoluindo um bocadinho. Nunca para baixo, sempre para cima. Também vendemos bijutarias, não são só coisas religiosas. Os magnéticos, as medalhinhas, os terços... Porque são acessíveis e assim as pessoas levam uma lembrancinha” (Lúcia Caetano, 52 anos)