Ruas e praças engalanadas, casas e carros carregados de gente sorridente, multidões à volta de uma exaltação pública ou pequenos grupos em divertimentos privados. Estas são as muitas faces de uma cidade em festa: Guimarães, no início do século XX.

Na exposição A Celebração — que, até 30 de Agosto, pode ser vista no Piso 1 do centro comercial Guimarães Shopping — cabem todas as festas. A começar pelas grandes celebrações da cidade, nascidas no início do século XX e que ainda hoje são momentos marcantes da sua vida, como as Nicolinas, organizadas pelos estudantes do ensino secundário, entre o final de Novembro e os primeiros dias de Dezembro, ou as Gualterianas, uma festa popular que se celebra no primeiro fim-de-semana de Agosto.

Mas também há espaço para as celebrações locais de momentos históricos nacionais. Entre as 70 imagens seleccionadas para esta exposição, há, por exemplo, fotografias de um cortejo cívico de homenagem a Gago Coutinho e Sacadura Cabral a percorrer o Toural, a principal praça da cidade, a 18 de Junho de 1922, apenas um dia depois de finalizada a primeira travessia aérea do Atlântico Sul ou um jantar de comemoração da legalização do descanso semanal aos domingos.

Contudo, não são apenas as festas públicas que podem ser vistas nesta exposição. As fotografias incluem também momentos de celebração privada: passeios de automóvel, quando este ainda era uma novidade, mas também de barco; piqueniques, cenas de caça e almoços de confraternização; casamentos, comunhões e outras festas familiares. E também uma secção com retratos de estúdio, em que se dramatizam passeios de barco ou momentos de luta entre amigos, como pequenos teatros particulares.

O autor da maior parte das fotografias da colecção é Domingos Alves Machado (1882-1957), proprietário das empresas de fotografia Foto Moderna e da sua antecessora Foto-Eléctrica Moderna, que entre os últimos anos do século XIX e o fim da primeira metade do século XX fotografou a cidade. A Celebração é a segunda exposição temporária a partir da colecção da associação de defesa do património Muralha, depois de O Trabalho, que, há um ano, reuniu quase 90 imagens de cenas laborais (vindimas e outros momentos da vida rural, oficinas de cutelaria e fábricas têxteis que marcaram a história da cidade). A selecção e concepção é de Miguel Oliveira e Nuno Rocha Vieira, a partir dos quase 6000 clichês em vidro deste acervo, digitalizados em 2012.