Trabalhadoras da TV Saúde à espera de propostas de indemnização

As nove jornalistas e quatro assistentes de produção da TV Saúde, canal temático de televisão por cabo, contam conhecer hoje a decisão final do conselho da administração relativamente ao encerramento definitivo da empresa, que poderá passar pela dissolução ou declaração de falência. As trabalhadoras esperam que a administração não enverede por este último caminho, que poderia pôr em causa o pagamento de indemnizações.

A esperança das treze mulheres - às quais, em Maio passado, foi comunicado que deveriam deixar de se apresentar ao serviço a partir do final desse mês - é que aconteça aquilo que alegam ter-lhes sido prometido anteontem pelo presidente do conselho de administração da TV Saúde, Luís Reis: a dissolução da empresa e o pagamento da indemnização mínima prevista na lei. Mais concretamente, três meses de salário, acrescidos dos subsídios de férias e Natal, bem como do vencimento do mês de Junho.

É que, apesar de terem sido dispensadas oralmente em Maio, as trabalhadoras ainda não receberam as cartas de despedimento. Segundo a jornalista Isabel Simões, este facto criou uma «situação bastante complicada» às trabalhadoras que ficaram sem possibilidade de se candidatar ao subsídio de desemprego e até limitadas na procura de novas colocações, dado que a celebração de um contrato de trabalho com uma segunda empresa poderia ser interpretada como uma rescisão voluntária do vínculo à TV Saúde.

«Temos esperança de que cumpram, pela primeira vez, o prometido e enviem as minutas dos acordos de rescisão», afirma Isabel Simões, queixando-se do facto de só anteontem - e por as trabalhadoras se terem deslocado ao local onde decorria a assembleia-geral da empresa, às instalações de Coimbra da TV Saúde - terem conseguido dialogar com a administração. «Foi a primeira vez que conseguimos falar pessoalmente. Tentámos mês e meio, talvez tenhamos sido crédulas», comentou a jornalista.

Ainda de acordo com Isabel Simões, que apresentou diversos programas do canal, se as propostas de indemnização não chegarem hoje, as trabalhadoras reúnem segunda-feira para concertar uma reacção no plano jurídico.

Contactado pelo PÚBLICO, Luís Reis afirmou que não prestaria declarações, por o jornal se recusar a revelar-lhe junto de quem obtivera o seu número de telefone.

A empresa tem estúdios e redacção em Coimbra e iniciou as emissões há cerca de dois anos, repartindo a frequência de cabo com outra estação do grupo, a TV Medicina - esta última, sediada em Lisboa e dirigida a médicos, a emitir entre as 18 e as 2 horas em sinal codificado. A TV Saúde, vocacionada para comunicar com o público em geral, é distribuída pelo cabo em regime aberto, das 10h00 às 18 horas. As duas estações televisivas são propriedade da TV Medicina Gest que, no caso da TV Saúde, conta ainda como parceira a TV Beira, que detém 25 por cento do canal.

Além de accionista, a TV Beira - constituída pela Fundação Bissaya Barreto e outras empresas de Coimbra - é proprietária das instalações da TV Saúde, para a qual vinha assumindo a produção dos conteúdos. Hoje, a TV Beira está na posição de co-proprietária e de credora, de cerca de cem mil contos euros, da TV Saúde.

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