Saídas da Lusa poupam 800 mil euros em 2013 mas administração quer mais
As 21 saídas de trabalhadores da Agência Lusa que já se verificaram vão permitir uma poupança salarial superior a 800 mil euros em 2013, disse na terça-feira o presidente da administração aos delegados sindicais.
Em reunião com representantes dos sindicatos dos Jornalistas, dos Trabalhadores de Escritório e dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Afonso Camões afirmou que esta poupança é insuficiente para fazer face às consequências do corte pretendido pelo Governo de quase 31% nas verbas do contrato programa.
Em consequência, propôs a redução de uma hora de trabalho diária, com correspondente redução de remuneração, o que significaria uma poupança salarial anual de 900 mil euros, acrescentando que a empresa pretende também poupar cerca de 220 mil euros nas despesas correntes em 2013.
Afonso Camões disse ainda que pretende a diminuição dos correspondentes e colaboradores e que é dever da agência garantir a cobertura noticiosa ajustando a rede onde for de ajustar, operação que remeteu para a Direcção de Informação. Neste ajuste, Afonso Camões argumentou que a agência apenas pode sacrificar a quantidade de notícias, não a qualidade das mesmas. Confrontado com a possibilidade de reduzir as viaturas atribuídas para uso pessoal de quadros da empresa, rejeitou tal eventualidade, por serem consideradas remuneração.
Lamentando a perda de receitas pela Lusa no mercado tradicional de media, que quantificou em 8% em 2012, o presidente da administração disse ainda que a dívida de clientes ronda os 800 mil euros.
Os sindicatos, por sua parte, consideraram que é prematuro e não faz sentido estar a avançar com propostas para compensar perdas de receita para a Lusa que não estão aprovadas, já que o Orçamento do Estado para 2013 não foi ainda aprovado.
Além disso, muitos responsáveis da área política da coligação no poder já manifestaram preocupação com o corte de verbas à Lusa, como, por todos, ex-presidentes do PSD e do CDS, respectivamente Luís Marques Mendes e José Ribeiro e Castro.
Os sindicatos sublinharam ainda que a proposta de redução salarial só pode ser apresentada no âmbito de um programa de reestruturação geral da empresa e tem de ser devidamente fundamentada, com disponibilização de todos os elementos de natureza contabilística e financeira que alegadamente a fundamentariam.