PUBLICO.PT: um jornal no ciberespaço desde 1995

Em 1995, ano em que a Internet sofreu um enorme crescimento, o PÚBLICO inaugurava a disponibilização das edições diárias do jornal em texto integral na Web. Mais do que um complemento, o on-line tem funcionado como um suplemento do jornal. Por Maria João Morais

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O serviço Última Hora do Publico.pt vai continuar a ser gratuito Pedro Vilela/PÚBLICO

No dia de hoje, há precisamente dez anos atrás, o PÚBLICO disponibilizava pela primeira vez a edição electrónica do seu jornal. A inauguração do serviço diário na Web deu-se numa altura em que a Internet não estava ainda muito difundida e em que poucos jornais a nível mundial haviam apostado em edições on-line.

Antes da data que hoje se assinala, o PÚBLICO já possuía on-line artigos do jornal impresso, uma colocação que era feita esporadicamente. Mas foi no dia 22 de Setembro de 1995, às 23h59, que o jornal passou a oferecer actualizações diárias na Web com qualidade profissional.

José Vítor Malheiros, director do PÚBLICO on-line desde o seu lançamento, entende que a iniciativa de fazer o site surgiu porque há dez anos a Web se apresentou como "um novo suporte que podia ser aproveitado para produzir novos conteúdos", além do que se apresentou como "um novo veículo para difundir a informação que era publicada diariamente no jornal de papel".

Malheiros sublinha que o site que dirige fez "coisas pioneiras" na Internet. Em Junho de 95, ainda numa fase experimental, o site já tinha disponível um dossier, o "PÚBLICO eleições-95", que fazia uma cobertura das legislativas (disputadas a 3 de Outubro) que incluía a biografia dos candidatos a deputados à Assembleia da República e permitia a visualização dos cartazes dos vários partidos. Com este serviço, o PÚBLICO on-line iniciou a publicação de notícias em tempo real.

A edição arrancou com a colaboração de informáticos provenientes do Departamento de Informática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), juntamente com o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores (INESC). Pedro Veiga, da FCUL, apoiou o projecto, e Carlos Picoto, investigador actualmente a trabalhar na Microsoft, em Seattle, foi o primeiro webmaster do site.

Durante cerca de três anos, o site limitou-se a fornecer uma versão electrónica do jornal impresso. Foi em Setembro de 1999, em plena crise de Timor, que se começou a produzir informação própria do PÚBLICO on-line, com a introdução do serviço Última Hora.

Os dois jornalistas que criaram o site, José Vítor Malheiros, na altura editor da secção de Ciência e Tecnologia do jornal, e Ana Gerschenfeld, jornalista da mesma secção, começaram por utilizar um computador que eles próprios trouxeram de casa como servidor. Além deles, apenas três jornalistas e um informático asseguravam inicialmente as actualizações do Última Hora. Actualmente, este serviço está a cargo de onze dos vinte jornalistas que integram a redacção do on-line. A actualização inicia-se às 8h00 da manhã e prolonga-se até à meia-noite.

Com um grafismo que já foi redesenhado várias vezes, o site do PÚBLICO continua actualmente a proporcionar aos seus utilizadores a possibilidade de consultar a versão electrónica do jornal de papel, num serviço que é pago desde Março deste ano. Todos os outros conteúdos são gratuitos, desde o Última Hora a "suplementos" como o Guia do Lazer, uma agenda cultural que já deu origem a uma revista em papel.

O director daquele que sempre foi - e continua a ser - o jornal on-line número um em termos de visitas em Portugal, acredita que o publico.pt é, mais do que um complemento, um suplemento do jornal, no sentido em que "contém mais informação e chega a pessoas que não lêem a versão de papel".

Malheiros vê a evolução do on-line com entusiasmo e sublinha que os jornalistas têm a sorte de estar a viver "uma revolução tecnológica que abre imensas possibilidades de desenvolvimento ao jornalismo e à participação cívica". Entende que os jornais impressos continuarão sempre a ser necessários, mas terão que enfrentar novas "ameaças", resultantes da dissolução de fronteiras entre o jornalismo e outros meios de produção de informação presentes na Internet.

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