Jornal espanhol Público apresenta pedido de falência

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A Mediapubli, a empresa proprietária do jornal diário espanhol Público e do respectivo site publico.es, apresentou hoje a um tribunal de Barcelona o pedido de declaração de falência.

A empresa diz querer assim “salvaguardar da melhor maneira possível os interesses de todas as partes afectadas” e procurar uma “ferramenta de reestruturação para procurar a viabilidade futura do projecto”, segundo uma nota publicada ao final da manhã no site do jornal. Na prática, o que acontece é que o jornal deixa de pagar temporariamente as suas dívidas para tentar encontrar uma solução.

Num artigo de opinião intitulado “As razões do Público”, o director Jesús Maraña realça que apesar das dificuldades financeiras, o jornal não mudou a sua linha editorial, “não se colocou nunca ao serviço de grupos políticos nem de governos”. E garante que os “problemas que o público atravessa não derivam da mudança política que se deu nas últimas eleições” – Espanha virou à direita em Novembro, com uma vitória histórica do Partido Popular liderado por Mariano Rajoy. Embora Maraña saliente que o “evidente desequilíbrio na paisagem mediática, que não reflecte em absoluto a realidade sociológica deste país” deveria merecer “uma reflexão” da esquerda e da sociedade em geral.

O Público foi lançado em Setembro de 2007, vende actualmente 87 mil exemplares diários, e a edição na internet tem cerca de cinco milhões de utilizadores únicos – de acordo com números auditados. Porém, nos últimos quatro anos o bolo publicitário da imprensa espanhola diminuiu 50 por cento, o que dificultou a vida do jornal. “Apesar dos crescimentos conseguidos em audiências e vendas (…) e de ter sido possível conter as perdas nos últimos exercícios, a profundidade da crise económica, publicitária e estrutural na imprensa escrita” tornou inevitável o recurso ao pedido, justifica a Mediapubli.

“Quando um jornal diário chega ao ponto de usar uma ferramenta extrema para a sua sobrevivência, também a sua direcção deve assumir a sua responsabilidade”, escreve Jesús Maraña, no artigo publicado no site. O responsável conta que a redução progressiva de todo o tipo de custos, incluindo duas reestruturações do quadro de pessoal, e as subidas do preço de capa permitiram estancar um pouco os resultados negativos, mas não foram suficientes para compensar a crise nas receitas publicitárias.

Não foi possível conseguir novos financiamentos nos últimos meses, pelo que o futuro do jornal – e das 160 famílias dos seus trabalhadores e das dezenas de colaboradores, contabiliza o director – “joga-se no próximos dias e semanas”.

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