A indústria de conteúdos digitais, em Espanha, facturou mais de nove mil milhões de euros no ano passado, registando um aumento de 14% face a 2009. Pela primeira vez, os resultados ultrapassaram o consumo de conteúdos analógicos, impulsionados, sobretudo, pelo sector audiovisual.

Os resultados foram ontem apresentados pelo Observatório Nacional das Telecomunicações e da Sociedade de Informação espanhol (ONTSI) e demonstram uma clara mudança na forma como os espanhóis consomem informação.

Em 2010, a facturação de 9125 milhões de euros do mercado de informação digital superou, pela primeira vez, os proveitos da indústria de informação analógica cujos ganhos ficaram abaixo dos oito mil milhões de euros.

A impulsionar a indústria digital esteve o sector audiovisual, que representa 44% dos resultados. O culminar da expansão da Televisão Digital Terrestre (TDT), em Março de 2010, bem como o aumento de receitas da televisão paga estiveram na origem dos proveitos do sector.

A mesma pesquisa permitiu concluir que 91% dos espanhóis consome algum tipo de conteúdo digital, como cinema, música, jogos e notícias. No que toca às publicações em formato digital, o volume de lucro, no ano passado, foi de 780 milhões de euros, um acréscimo de 6% face a 2009, num país onde mais de um quarto da população lê diariamente jornais, revistas e livros online.

Esta é uma subida que contraria a crise. Juan Junquera, secretário de estado espanhol das Telecomunicações e para a Sociedade de Informação disse, em declarações ao El País, que a passagem para o digital deveria ser mais rápida. “À crise económica junta-se a dificuldade de adaptação ao meio, mas é importante realizar essa transição o mais depressa possível”, afirmou.

A estratégia foi delineada pela União Europeia, que definiu para 2012 a data limite para os estados-membros consumarem a migração do sistema analógico de televisão para o digital. Já desactivado em Alenquer, depois no Cacém, Alcobaça e Nazaré, o sinal analógico de televisão será gradualmente desligado em território nacional, onde mais de 60% das pessoas tem televisão paga, segundo uma sondagem recente da Universidade Lusófona. A migração para a TDT, em Portugal, tem conclusão prevista para Abril de 2012.

Encorajar o acesso a conteúdos digitais dentro da Europa é encarado como prioridade. Em Outubro deste ano, a UE desafiou os 27 a intensificar esforços na digitalização de material cultural. Até 2015, a UE pretende aumentar de 19 para 30 milhões o número de objectos disponíveis na Europeana. Portugal deverá contribuir, até 2015, com mais de meio milhão de objectos de interesse cultural para a plataforma.