Vimeca recua e mantém passes sociais até final de Junho

Transportadora da Grande Lisboa acredita que pode chegar a acordo com o Estado em relação aos valores em dívida.

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Empresa já está a aconselhar os utentes a escolher o passe combinado Pedro Cunha/Arquivo

Afinal, os utentes da Vimeca e da Scotturb vão poder continuar a usar os passes intermodais (também designados passes sociais) até 30 de Junho. A empresa de transporte rodoviário Vimeca/Transportes de Lisboa, que engloba os dois operadores, tinha decidido abandonar o sistema mas voltou atrás na decisão.

A empresa anunciou a decisão na sua página de Internet, mas não explica o que motivou este recuo. Diz apenas que “até 30 de Junho” o passe social “é válido nas carreiras regulares operadas pela Vimeca e Lisboa Transportes”.

Contactada pelo PÚBLICO, a gerência da empresa explica em comunicado que "no seguimento das conversações havidas com a Secretaria de Estado dos Transportes”, decidiu “adiar a restrição dos passes intermodais nas suas carreiras por mais 90 dias." Durante esse período, a Vimeca acredita que vai ser possível encontrar "um acordo sustentável com o Estado, para resolver de forma justa toda esta situação, onde se incluem as liquidações dos valores em dívida há muito vencidos”.

Esta posição representa um recuo em relação ao que a empresa tinha comunicado em Janeiro. Através de uma nota publicada na sua página de Internet, a Vimeca/Transportes de Lisboa informou que tinha denunciado em Dezembro a sua participação nos vários passes intermodais, com efeitos a partir de 1 de Abril. Estavam abrangidas as carreiras da Vimeca e da Scotturb.

A decisão mereceu forte contestação por parte dos utentes e dos autarcas dos concelhos servidos pela empresa – Amadora, Cascais, Odivelas, Oeiras e Sintra. A Comissão de Defesa dos Utentes dos Transportes da Amadora (CDUTA) promoveu recentemente uma concentração de protesto e lançou um abaixo-assinado, que será mesmo assim entregue na sede da empresa nesta terça-feira.

"É imperativo não baixarmos os braços, uma vez que se trata de uma prorrogação do prazo, não estando posto de parte, o cenário de uma nova ameaça ao direito à mobilidade dos utentes da Amadora, já no final do mês de Junho", diz a CDUTA em comunicado emitido nesta segunda-feira à tardem depois de ter sido conhecida a decisão da Vimeca.

Os vereadores da Mobilidade e dos Transportes da Área Metropolitana de Lisboa também se pronunciaram, há duas semanas, unanimemente contra a decisão da Vimeca, afirmando que se trata de “um atentado ao direito à mobilidade” que vai prejudicar “milhares de utentes”.

O Bloco de Esquerda tinha agendado para esta terça-feira várias acções de protesto contra o fim dos passes sociais na Vimeca e na Scotturb, que também anunciou o abandono do sistema. Perante o recuo que a Vimeca anunciou no respectivo site, o partido cancelou todas as iniciativas, mas sublinha que mantém a sua preocupação em relação a este assunto.

A participação da Vimeca nos passes intermodais (L1, L12, L123, L123SX, L123MA, L123FS, 012, 023 e 123) permite aos utentes o acesso a diferentes operadoras de transporte público na zona de Lisboa – como o Metro, a Carris e a CP – com valores mais reduzidos.
 
 
 

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