Viana do Castelo poderá ser a sexta slow city de Portugal e a segunda do Norte

Candidatura da capital do Alto Minho à rede internacional que promove a tranquilidade urbana deverá ser aprovada em Março, quando a cidade acolher um congresso internacional das Slow Cities. Vizela, Tavira, São Brás de Alportel, Lagos e Silves já fazem parte do clube.

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Adesão dos cidadãos ao projecto é essencial Nelson Garrido

Viana do Castelo poderá ostentar, a partir de Março, o caracol laranja adoptado como símbolo das cidades europeias apostadas em promover estilos de vida pautados pela tranquilidade, pela qualidade do ar e da água e pela preservação da história local e outros caracteres distintivos.

 A candidatura a slow city deverá estar concluída em meados de Janeiro para ser apresentada formalmente em Março, durante um congresso internacional da rede Slow Cities, que decorrerá em Viana do Castelo. A ser aprovada, Viana do Castelo será a segunda cidade do Norte, depois de Vizela, a aderir ao clube.

Em Portugal, apenas as cidades algarvias de Tavira, São Brás de Alportel, Lagos e Silves tinham aderido à rede que nasceu em Itália e que tem como objectivo a preservação das tradições locais e a promoção da qualidade de vida. A ideia surgiu quando, em 1999, o prefeito da comuna italiana Greve In Chianti, Paolo Saturnini, resolveu pôr em prática algumas iniciativas nesse sentido. O movimento começou a ganhar forma através de um grupo de cidadãos que, depois da abertura de um restaurante fast food em Roma, decidiu lançar uma iniciativa que preservasse a comida local e a cultura gastronómica. Primeiro nasceu o movimento do slow food, depois surgiu o grupo Città Slow ou Slow City .

A rede, criada há mais de dez anos, conta já com cerca de 155 cidades de países como Espanha, Reino Unido, França, Noruega e Alemanha.

Em Viana do Castelo, a candidatura está a ser elaborada pela câmara em parceira com o Instituto Politécnico e a Associação Empresarial. As cidades da rede Slow Cities têm de ter menos de 50 mil habitantes, uma vida sem stress e comprometer-se a elevar a qualidade de vida dos seus habitantes, preservar as tradições locais e atrair mais visitantes. Apresentada a candidatura, que implica o pagamento de uma taxa, a cidade autoproposta será avaliada em termos  de política ambiental, infra-estruturas, tecnologias indutoras da qualidade de vida urbana, entre outros critérios.

"Requisitos exigentes"
Segundo a vereadora da Cultura da Câmara de Viana do Castelo, Maria José Guerreiro, trata-se de um processo com “requisitos muito exigentes que abrangem as várias áreas da vida de um território”. A vereadora reconhece que Viana poderá atingir “uma pontuação mais abonada” nuns pontos e noutros “mais fraca", sinal de que há problemas que merecem especial atenção.

Para a associação das Slow Cities, o compromisso dos habitantes com o projecto é o principal requisito, e não a iniciativa municipal. Além disso, a intenção é que nenhum cidadão se sinta obrigado a cumprir um dever, mas apenas a viver melhor.

A adesão de Viana do Castelo à rede internacional de Slow Cities é defendida há muito pelo executivo socialista, para apoiar o turismo e a candidatura de projectos de preservação e reabilitação da cidade a fundos comunitários.

Nos últimos três meses deste ano, as três entidades parceiras nesta candidatura promoveram várias iniciativas baseadas no espírito das cidades lentas. Divulgar a história de Viana do Castelo, os seus recursos naturais e  produtos locais, assim como apoiar o comércio tradicional, foram objectivos do programa Viana Criativa, que incluíram 89 actividades promovidas por 87 entidades, desde associações a artesãos e restaurantes. Mais de 3500 pessoas visitaram e participaram nas iniciativas que pretendiam impulsionar o potencial criativo da cidade. A aposta vai ter continuidade em 2013 com a realização de vários workshops sobre as artes e saberes tradicionais, o ambiente criativo e as indústrias criativas. O Viana Criativa representa um investimento de cerca de 160 mil euros, verba comparticipada em 70% por fundos comunitários do programa ON.2. Os restantes 30% são divididos pela câmara , Instituto Politécnico e  Associação Empresarial de Viana do Castelo.
 

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