Todos os anos, milhares de turistas sobem e descem de elevador o Monte de Santa Luzia. Todos os anos, milhares acotovelam-se nas escadas estreitas subindo até ao topo do zimbório, o miradouro na cúpula do templo com vista para aquele que foi considerado, em 1927, um dos mais belos panoramas do mundo pela revista National Geographic. Agora, a Câmara Municipal de Viana do Castelo e a Confraria de Santa Luzia decidiram dar as mãos e formalizar um protocolo de cooperação para o arranjo urbanístico do Monte de Santa Luzia.

O projecto, que está dividido em três fases, poderá ter um orçamento de três milhões de euros e uma duração de dez anos. Na primeira fase, que já está em marcha, revitalizou-se o Jardim das Tílias, situado na parte posterior do templo, e construiu-se um anfiteatro ao ar livre que foi inaugurado em Junho e tem uma capacidade para acolher 700 pessoas sentadas. Para este investimento inicial de um milhão de euros está ainda prevista a construção de um albergue para 40 peregrinos, que terá dormitórios, balneários, uma cozinha, uma lavandaria e um bar de apoio; um museu, onde ficará exposto o espólio da Confraria, reunido ao longo de 130 anos; bem como um arquivo documental.

“Finalmente conseguimos sensibilizar a autarquia para o turismo religioso, que tem tido um papel preponderante na dinâmica da cidade. Só para terem uma noção, todos os anos entre 80 e 90 mil pessoas visitam os miradouros e sobem de elevador até ao Monte, muitas mais, certamente, entrarão no santuário”, conta André Alves. O presidente da Confraria acrescentou ainda que para a concretização das outras duas fases do projecto poderá ser necessário o dobro do investimento. “Como serão obras mais avultadas, com uma escala considerável, o investimento poderá chegar aos dois milhões de euros, por isso, estamos a preparar-nos para nos candidatarmos a receber ajudas comunitárias”.

Na segunda fase do projecto está contemplada a construção de um restaurante panorâmico voltado para o mar e uma sala polivalente, que servirá para culto e para formação, e que ficará enterrada sob a praça, com vista sobre a cidade e o rio. Para André Alves, é nesta segunda fase que será solucionado um dos maiores problemas do Monte de Santa Luzia: o estacionamento. Haverá portanto “uma reorganização da circulação automóvel e uma limitação da área de paragem de autocarros naquela zona”, bem como “a transformação da praça numa área mais pedonal”.

A intervenção na parte de trás do santuário, onde se criará um parque de estacionamento com capacidade para mais de 80 viaturas (neste momento só há espaço para 30), será a terceira e última fase do plano. “Houve duas grandes preocupações na concepção deste projecto. Houve uma grande preocupação em respeitar o local em termos ambientais e patrimoniais, mas também uma grande preocupação em optimizar e potencializar as actividades da Confraria, tanto em termos turísticos, como religiosos e pastorais”, diz Tiago Castro. O arquitecto responsável pelo arranjo urbanístico acrescentou ainda que o posto de turismo e a cripta “construída sob o altar-mor do templo” já estão operacionais.

O projecto será lançado a concurso no próximo mês de Novembro e a Câmara Municipal comprometeu-se a dar apoio técnico, gratuito. Em contrapartida a confraria comprometer-se-á a manter abertas as instalações e os espaços envolventes para que possam ser utilizados pelo público.

“O Monte de Santa Luzia é um símbolo de Viana do Castelo e um dos locais com mais turistas. Ficamos muito satisfeitos que a Confraria esteja tão empenhada em reabilitar e promover o Monte de Santa Luzia. Por esta razão, decidimos apoiar esta iniciativa a nível técnico de arquitectura, de engenharia e de acompanhamento de gestão”, diz José Maria Costa. O autarca de Viana do Castelo aproveitou ainda para referir que em em Agosto do próximo ano, serão assinalados os 125 anos sobre a construção da estrada de Santa Luzia: “Uma estrada que nos leva a uma das mais importantes vistas e um dos mais belos panoramas do mundo”.